Sam Mendes já anunciou que não voltará a dirigir filmes de James Bond (o anterior, "Skyfall", lançado em 2012, tinha também a sua assinatura). Talvez por isso, encontramos aqui uma invulgar "revisão da matéria dada", feita com especial dedicação e carinho. Desta vez, o agente secreto 007 não é apenas um acumulador de proezas mais ou menos físicas ou eróticas, antes um peão de um tabuleiro imenso em que se joga a sobrevivência da sua própria profissão. Que irá prevalecer? A velha guarda dos agentes como Bond (da série "00", comandados pelo emblemático M., agora assumido por Ralph Fiennes)? Ou uma nova ideologia em que a posse global da informação, descartando a própria noção de nacionalidade, imporá uma lógica de constante manipulação das ânsias colectivas? A parábola civilizacional é actualíssima, sendo tratada num tom de tragédia latente em que as obrigatórias cenas de "acção" surgem organicamente integradas. E como esta pode ser a derradeira composição de Daniel Craig como 007, eis o que reforça o sedutor simbolismo do empreendimento.
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Classificação: ****