Salvador questiona atitude do Sporting para levar Rúben Amorim
António Salvador, presidente do Sporting de Braga, criticou a atitude do Sporting em ter contratado Rúben Amorim, quando era o treinador de um concorrente direto pelo terceiro lugar, dando a garantia que não aceitou negociar com os leões.
"Não posso nem devo ignorar que o timing é inesperado. As ocorrências dos últimos dias devem motivar reflexões desportivas e éticas. O Sp. Braga foi surpreendido com um movimento de um clube concorrente, curiosamente aquele que nos persegue na tabela. À luz dos regulamentos e dos contratos, conseguiu assegurar o nosso treinador", começou por dizer Salvador na conferência de imprensa de apresentação de Custódio Castro como treinador dos bracarenses, que lembrou haver "quem argumenta que situações destas podem desvirtuar as competições" e que, por isso, dá como "a Liga espanhola, onde esta contratação não seria possível", uma vez que lá os treinadores não podem treinar duas equipas da mesma divisão numa mesma época.
Nesse sentido, o presidente do Sp. Braga defendeu "um debate alargado em prol do futebol português". No entanto, deixou uma garantia: "Quero deixar claro que defendo como sempre defendi o meu clube e os seus superiores interesses e, como tal, o Sp. Braga nunca poderia negociar, nem poderia ceder, mas há leis e regulamentos no futebol, que estão acima de qualquer questão moral e ética."
Salvador não escondeu a indignação relativamente à atuação do Sporting neste processo e explicou como tudo se desenrolou. "Fui contactado há uma semana pelo presidente Frederico Varandas, que me pediu uma reunião. Não sabia para o que era, mas quando nos encontrámos disse-me que queria alcançar um acordo para levar o Rúben Amorim e propôs-me em troca dois jogadores e uma percentagem do passe do Palhinha. Disse-lhe que estava surpreendido com a abordagem e que não havia possibilidade de negociar porque contávamos com o treinador", começou por dizer.
Na sequência das notícias que foram saindo sobre o interesse dos leões no treinador, António Salvador explica que teve uma conversa com Rúben Amorim. "Disse-lhe que não queria que saísse e que pretendia até renovar-lhe o contrato com aumento salarial, pelo que não aceitava qualquer negociação com o Sporting. No entanto, disse-lhe que se ele quisesse ir, a única solução era o Sporting pagar a cláusula que estava estipulada no contrato. O Sporting fez-lhe uma oferta e eu disse-lhe que compreendia a saída desde que fosse paga a cláusula", explicou, admitindo que "é uma frustração preparar treinadores para a concorrência".
Por sua vez, Custódio Castro, que tem vínculo de treinador principal válido por duas épocas e meia, quando foi questionado sobre se esperava valer 10 milhões no final da época, respondeu sem se alongar muito: "Tudo isto aconteceu tudo muito rápido, mas não me falem de valores que esse não é o meu papel." Minutos depois assinou um contrato com uma cláusula de rescisão de 15 milhões de euros.