Saltar de uma caravela para o Tejo como treino para a etapa mais pura do Cliff Diving
Cirque du Soleil, duplo, Cliff Diving, Andy Jones tem tido um percurso profissional tudo menos tradicional. O próprio confessa que tem sido "algo inesperado", mas para alguém que não pára de fazer desporto, é uma forma de estar na vida. Os desafios são sempre bem-vindos, pelo que aceitou o de saltar do mastro de uma caravela para o rio Tejo. Foi um treino diferente, para uma etapa diferente desta competição, pois nos Açores os saltos para a água tomam a sua forma mais pura, pois são feitos diretamente da rocha.
"O salto do barco foi muito divertido. Enfrentámos alguns desafios com o mastro. Mas eu adoro um bom desafio. Tínhamos de pensar como conseguir ter o impulso necessário para sair do barco", contou ao DN. Para que fosse possível concretizar o salto, a caravela não podia estar parada. "Só havia uma forma de praticar: saltar de um barco em movimento. Foi um grande momento!"
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E acabou mesmo por ser um bom treino, pois o salto que vez para o rio Tejo foi o que lhe saiu melhor já no Ilhéu de Vila Franca do Campo, no primeiro dia do Red Bull Cliff Diving. Pelo sétimo ano consecutivo, São Miguel recebe uma das etapas prediletas dos atletas. Os Açores deixaram definitivamente uma marca também em Andy Jones: "Adoro ir aqui. É um sítio muito bom para este desporto. Tem vários sítios para se saltar, alturas diferentes... É bom ser diferente... Há tantas razões para eu gostar deste local."
Porém, esta área protegida da ilha de São Miguel também trouxe mais uns desafios para o americano de 33 anos enfrentar. Esta sexta-feira, o vento fez-se sentir, dificultando bastante quem tem de saltar de alturas de 27 ou 21 metros. Jones confirmou que foi um factor que pesou, mas, no seu caso, houve um outro problema. "O mais giro, é que na segunda ronda o problema não era o vento, nem as ondas. Era um pássaro! Ele não me deixava, estava sempre a voar à minha volta. Então, estava a tentar encontrar o timing perfeito quando ele não estivesse zangado comigo. Tinha os braços levantados e estava sempre a olhar para todos os lados e quando ele se afastou pensei 'vou agora'. E saltei", explicou.
Apesar do cenário paradisíaco seduzir atletas como Andy Jones a fazer vários saltos, há uma vitória e um título em disputa. Ao fim de duas rondas ocupa a sétima posição, com 147 pontos, com o polaco Kris Kolanus a liderar com 171,4. "Amanhã vai ser um grande dia. Já fiz muitos saltos aqui e só espero que as minhas pernas estejam bem. Quero estar bem. Tive um começo de época menos positivo e com uns bons saltos posso chegar ao pódio", afirmou.
Andy Jones chegou ao circuito do Cliff Diving em 2011. Por essa altura estava também a começar a apostar na sua carreira como duplo. Não é fácil convencê-lo a dizer em que filmes ou séries já entrou. "O objetivo é as pessoas não me conhecerem. Às vezes sou um mau e podem ver o meu rosto num pequeno instante antes de ser morto!" Acaba por adiantar que tem uma participação em produções ainda por estrear, como Capitão Marvel e Avatar.
E todas as atividades que faz proporciona sempre que esteja em boa forma. No entanto. Jones realçou que vai muito além do Cirque du Soleil, ser duplo e Cliff Diving. "Estou sempre em forma. Jogo na equipa de softball, sou um ávido esquiador de freestyle no inverno e pratico golfe. Bom, o golfe não é o mais exigente. É mais para relaxar. Digo sempre que uns oito ou nove buracos antes de uma competição de Cliff Diving, faz bem ao corpo", disse.
Andy Jones irá então tentar repetir a presença no pódio onde esteve em 2015 (terceiro lugar), na edição ganha pelo britânico Gary Hunt. Este ano conta com um quarto lugar nos Estados Unidos e um oitavo em Espanha, sendo sétimo no campeonato, a 90 pontos de Steven LoBue.
No sábado, a terceira ronda arranca às 11:30 para as senhoras e às 12:00 para os homens, mas é opcional. Às 12:33 e 12:55 teremos então as esperadas finais para decidir os vencedores do Red Bull Cliff Diving nos Açores.