Sacrifício de um boi e outros ritos do funeral de Mandela
Os restos mortais de Nelson Mandela seguem no sábado para a localidade de Qunu, no sul, onde o antigo presidente sul-africano passou parte da infância, mas o enterro é reservado à família, que não quer que a cerimónia privada seja transmitida pela televisão.
"Um funeral é uma cerimónia complexa", disse o chefe do clã thembu, Jonginyaniso Mtirara, que explicou o ritual xhosa, que vai orientar a cerimónia privada de enterro do Nobel da Paz 1993.
Para o povo abathembu, os vivos comunicam-se com os antepassados, a quem fazem um pedido especial para permitirem que o espírito do falecido possa descansar em paz.
"Derramar sangue de animal é uma parte muito importante do processo do funeral" para a tradição xhosa, na qual Mandela foi criado, apesar de ter frequentado a religião metodista, garante Jonginyaniso Mtirara.
Os xhosa encaram esta formalidade como essência para que o espírito do falecido possa descansar em paz, até porque, em vida, o ex-presidente sul-africano pediu para ser sepultado na região onde passou a infância.
Os rituais de acompanhamento do espírito de Mandela incluem matar um boi na véspera do enterro, nas primeiras horas do sábado, dia em que a carne deste animal é cozinhada sem especiarias em grandes panelas de ferro e em fogo ao ar livre.
Na sua autobiografia, Nelson Mandela sempre se mostrou favorável ao respeito a esses rituais xhosa, que eram seguidos pelo seu pai, apesar de sempre ter seguido a religião metodista da mãe.
Mandla Mandela, neto mais velho do ex-presidente sul-africano, deve anunciar no sábado as conversas que afirma ter mantido com o avô desde que Nelson Mandela, com que "fala constantemente", faleceu, refere hoje a agência EFE.
Antes de o funeral começar oficialmente, nas primeiras horas de domingo, outro boi será morto como parte do ritual de despedida da família e, a seguir, realiza-se o funeral de Estado na presença de cerca de 5000 pessoas, incluindo líderes internacionais, segundo a imprensa sul-africana.