Rutura dentro do Chega gera nova lista nas eleições açorianas

Terminou ontem prazo para entrega das listas. No boletim vão constar oito partidos e duas coligações. Partido madeirense concorre pela primeira vez nos Açores.
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O partido Juntos Pelo Povo (JPP), criado na Madeira e legalizado em janeiro de 2015, prepara-se agora para, pela primeira vez, concorrer nos Açores, nas eleições para o Parlamento regional marcadas para 4 de fevereiro. Esta foi a principal novidade no processo de formação das listas concorrentes, processo que ontem terminou, concluído que foi o período de entrega dessas listas no tribunal.

O JPP consegue agora avançar para os Açores por via da rutura no Chega na legislatura que agora se encaminha para o seu fim. Nas últimas legislativas regionais açorianas, em outubro de 2020, o partido de André Ventura conseguiu eleger dois deputados (num total de 57): José Pacheco e Carlos Furtado.

Acontece que houve uma rutura interna. Furtado passou a deputado independente, enquanto Pacheco se manteve no partido. Agora Carlos Furtado volta a ser candidato a deputado regional, mas encabeçando a lista do JPP nos círculos de São Miguel e de compensação.

A lista terá o apadrinhamento de Carlos Melo Bento, um histórico do independentismo açoriano e fundador do PDA (Partido Democrático do Atlântico), entretanto extinto. Furtado já disse que as expectativas do JPP nestas eleições são "bastante ambiciosas": "Pretendemos ser a terceira força no Parlamento regional. Há condições para isso." Na Madeira - onde o partido foi criado - o JPP é a terceira maior força, com cinco deputados em 47, depois do PS (11 eleitos) e da coligação PSD/CDS (23). Nos Açores, a convicção é que dificilmente poderá ser tão forte, em parte, precisamente, porque nasceu na Madeira.

No dia 4 de fevereiro os açorianos terão para preencher um boletim de voto com oito partidos (PS, PAN, Chega, BE, IL, JPP, ADN e Livre) e duas coligações (a CDU e a coligação PSD-CDS-PPM). Está em causa a eleição de 57 deputados regionais: 52 distribuídos pelos nove círculos de ilha e cinco pelo círculo de compensação (um círculo onde são "depositados" todos os votos dos círculos de ilha que não elegeram ninguém).

Na coligação PSD-CDS-PPM, o atual presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, será o cabeça de lista pelo círculo de São Miguel (o maior dos nove círculos de ilha). O círculo do Corvo será liderado pelo líder do PPM-Açores, Paulo Estevão, e o de São Jorge por Catarina Cabeceiras, do CDS-PP. Artur Lima, líder do CDS-Açores, será o nº 2 pela Terceira.

A campanha açoriana poderá, além do mais, ser o cenário para a primeira aparição conjunta dos líderes da coligação nacional PSD-CDS que está em preparação, Luís Montenegro e Nuno Melo, respetivamente. No entanto, confirmando-se, deverá ser uma aparição fugaz.

Ao contrário do que acontece na coligação nacional, a coligação açoriana entre sociais-democratas, centristas e monárquicos não estabeleceu nem vai estabelecer nenhuma "linha vermelha" face ao Chega. Assim como em 2020 o Chega foi chamado para um acordo com Bolieiro (que depois rompeu), em 2024 poderá voltar a fazer o mesmo, se isso for necessário para que se forme uma maioria no Parlamento Regional.

[Notícia atualizada às 14h00 de 27 de dezembro. O número de candidaturas será de dez e não de oito.]

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