A Rússia atribuiu esta terça-feira o incêndio no centro comercial da cidade ucraniana de Kremenchuk, na segunda-feira, a explosões num depósito de munições destinadas a armas ocidentais após ter sido atacado pelo seu exército..Segundo o exército russo, o centro comercial estava desativado, apesar de as autoridades ucranianas terem dito que estavam mais de mil pessoas no complexo e que já contabilizaram 18 vítimas mortais e 36 desaparecidos.."A detonação de munições destinadas às armas ocidentais causou um incêndio (...) num centro comercial que não estava a funcionar", disse o exército russo, citado pela agência noticiosa francesa AFP..Na sequência do ataque, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que pediu aos Estados Unidos que declarem a Rússia como um Estado que patrocina o terrorismo.."Esta manhã, exortei os Estados Unidos a reconhecerem a Rússia como um Estado patrocinador do terrorismo. A resolução relevante deve ser aprovada pela Comissão do Senado dos EUA e a decisão legal pode ser tomada pelo Departamento de Estado", disse Zelensky numa mensagem aos ucranianos, citada pela agência espanhola EFE..Dezenas de bombeiros e socorristas continuavam hoje de manhã no centro comercial a tentar encontrar as pessoas dadas como desaparecidas..O edifício ardeu por completo, restando apenas as estruturas exteriores..O interior é um monte de ferro carbonizado, o que torna provável que o número de vítimas aumente nas próximas horas, segundo a EFE..A polícia ucraniana mostrou aos jornalistas no local os restos dos dois mísseis de cruzeiro, identificados como X-22, que a Rússia utilizou para atacar o edifício..O Ministério da Defesa da Ucrânia disse anteriormente que os mísseis de longo alcance foram disparados de um bombardeiro estratégico TU-22 da região russa de Kursk, perto da fronteira..De acordo com o Serviço de Emergência ucraniano, 25 pessoas feridas encontram-se na unidade de cuidados intensivos do hospital de Kremenchuk, uma cidade da região de Poltava..Com cerca de 220.000 habitantes antes da guerra, a cidade de Kremenchuk situa-se a 330 quilómetros a sudeste da capital, Kiev, e a mais de 200 km da linha da frente..Até agora, o centro da cidade não tinha sido atingido, apenas instalações industriais e uma refinaria na periferia..O centro comercial Amstar, localizado no centro da cidade, não está longe de um complexo industrial, que poderia ser o verdadeiro alvo do ataque, segundo a EFE..O abrigo antiaéreo mais próximo do centro comercial situa-se no outro lado da rua, mas nem todos suspenderam as compras e saíram do complexo, apesar de ter soado um alarme de ataque aéreo..O facto de as zonas civis da cidade nunca terem sido atacadas até agora pode ter dado uma falsa sensação de segurança e as sirenes terem sido ignoradas, acrescenta a EFE..A pedido da Ucrânia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se hoje, de emergência, para analisar os bombardeamentos russos contra alvos civis..Por ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, a Rússia tem o direito de veto e pode impedir a adoção de qualquer resolução, como já fez anteriormente desde que iniciou a guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro..Os líderes do G7, reunidos em Elmau, no sul da Alemanha, condenaram o "abominável crime de guerra" em Kremenchuk.."Não descansaremos até que a Rússia ponha fim à sua guerra brutal e sem sentido", disseram, em comunicado, os dirigentes de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido..A União Europeia condenou "nos termos mais veementes" o ataque com mísseis russos a um centro comercial na cidade ucraniana de Kremenchuk, que classifica como "mais um ato hediondo de uma série de ataques contra civis".."Este é mais um ato hediondo numa série de ataques a civis e infraestruturas civis pelas forças armadas russas, incluindo os mais recentes ataques com mísseis a edifícios civis e infraestruturas em Kiev e noutras regiões. O contínuo bombardeamento de civis e alvos civis é repreensível e totalmente inaceitável, e equivale a crime de guerra", comentou o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, em comunicado..Assinalando que "centenas de civis inocentes estavam alegadamente presentes no centro comercial na altura do ataque", na segunda-feira, o chefe da diplomacia europeia reiterou que "a Rússia tem plena responsabilidade por estes atos de agressão e por toda a destruição e perda de vidas que provoca" e "será responsabilizada por eles".."A UE reitera a sua total solidariedade para com o povo ucraniano. A UE continuará a dar um forte apoio à resistência económica, militar, social e financeira da Ucrânia, incluindo ajuda humanitária", conclui o comunicado..O ataque de segunda-feira que atingiu um centro comercial em Krementchuk, no centro da Ucrânia, coincidiu com o segundo dia da cimeira das grandes potências económicas do G7 [Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, estando também representada a UE], nos Alpes da Baviera, no sul da Alemanha, um encontro em grande parte dominado pela guerra desencadeada pela Rússia..Classificado como um "vergonhoso ato terrorista" pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o ataque com mísseis provocou pelo menos 16 mortos e dezenas de feridos, segundo o mais recente balanço das autoridades locais..A guerra na Ucrânia teve início com a invasão russa a 24 de fevereiro. A ONU já confirmou a morte de mais de 4.600 civis, alertando, contudo, que o balanço real será consideravelmente superior.