Rússia lança mais de 70 mísseis. Cinco mortos em Kiev, cortes de água e luz
As forças russas lançaram esta quarta-feira mais de 70 mísseis e atingiram várias cidades, incluindo a capital da Ucrânia, Kiev, disseram as autoridades ucranianas. Foram danificadas infraestruturas críticas, nomeadamente na capital, naquele que é o mais recente ataque de uma série que provocou apagões em todo o país, isto numa altura em que descem as temperaturas. Pelo menos cinco pessoas morreram em Kiev e dez civis mortos em todo o país, anunciou o ministro do Interior, Denys Monastyrskyi.
"No total, foram disparados cerca de 70 mísseis de cruzeiro Kh-101/Kh-555 Kalibr. As forças de defesa aérea destruíram 51 mísseis. Além disso, cinco 'drones' do tipo Lancet foram destruídos no sul do país", informou a Força Aérea da Ucrânia, na rede social Telegram.
O Ministério da Energia da Ucrânia já reconheceu que esta barragem de ataques russos provocou danos graves nas principais infraestruturas energéticas do país, anunciando que milhões de pessoas ficaram sem acesso a eletricidade ou água.
O Ministério também informou que os ataques russos provocaram um 'apagão' temporário na maioria das centrais termoelétricas e hidroelétricas da Ucrânia, afetando o fornecimento de energia para várias regiões do país.
"O inimigo está a lançar ataques com mísseis contra a infraestrutura crítica na cidade de Kiev. Fiquem em abrigos até ao fim do alerta aéreo", alertou o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko.
"Como resultado do ataque, um prédio residencial de dois andares foi danificado. Três pessoas morreram e seis ficaram feridas", disse a administração militar da cidade numa mensagem divulgada na rede social Telegram.
Devido a esta nova série de ataques russos, "o abastecimento de água foi suspenso em Kiev", disse Vitali Klitschko nas redes sociais. "Toda" a região circundante de Kiev ficou sem energia, avançou também o governador regional, Oleksiy Kuleba.
Foram reportados outros ataques das forças de Moscovo nas regiões de Mykolaiv e Dnipropetrovsk, mas também em Lviv e Kremenchuk, na região de Poltava, segundo o jornal britânico The Guardian. Cortes de energia foram relatados um pouco por todo o país.
A cidade de Lviv, no oeste, ficou completamente sem energia, disse o presidente da autarquia. "Toda a cidade está sem energia. Estamos a aguardar informações adicionais de especialistas em energia", disse o autarca Andriy Sadovyi nas redes sociais, alertando que também pode haver interrupções no abastecimento de água da cidade.
Perante esta nova série de ataques das forças russas, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia voltou a reforçar a necessidade do país em ter "todos os sistemas de defesa aérea o mais rápido possível".
Dmytro Kuleba escreveu na rede social Twitter que a Rússia está a "celebrar" o reconhecimento, por parte do Parlamento Europeu, de que é "um Estado terrorista", com o lançamento de "novos mísseis contra a capital da Ucrânia e outras cidades".
Mykhailo Podolyak, assessor do gabinete do presidente da Ucrânia, declarou esta quarta-feira, nas redes sociais, que está em curso um novo "ataque maciço" às infraestruturas críticas do país.
Todas as três centrais nucleares ainda sob controlo ucraniano foram desligadas da rede elétrica, disse a operadora nuclear da Ucrânia, devido aos novos ataques aéreos russos que atingiram o país.
A Energoatom disse em comunicado que os ataques ativaram protocolos de emergência nas centrais nucleares de Rivnenska, Pivdennoukrainska e Khmelnytska e que "como resultado... todos os reatores foram automaticamente desligados" da rede elétrica, informou a empresa nas redes sociais.
A Moldávia anunciou que o país estava a enfrentar apagões generalizados como resultado de uma nova onda de ataques russos às infraestruturas de energia na vizinha Ucrânia.
"Como resultado dos bombardeamentos da Rússia no sistema de energia ucraniano, na última hora tivemos apagões de eletricidade em todo o país. A [empresa] Moldelectrica está a trabalhar para restabelecer o fornecimento de eletricidade", escreveu o vice-primeiro-ministro da Moldávia, Andrei Spinu, no Facebook.
A embaixadora dos EUA em Kiev afirmou que Moscovo está a "punir a Ucrânia por ousar ser livre" ao lançar novos ataques "cruéis" em todo o país.
Numa mensagem divulgada nas redes sociais, Bridget A. Brink destaca a "força do povo ucraniano" e diz que irá falhar "a tentativa da Rússia de dominar a Ucrânia, mergulhando-a no frio e na escuridão". A diplomata norte-americana reforça que os EUA estão com a Ucrânia.
Atualizado às 21.30