Rushdie começou "caminho de recuperação", mas "será longo"
"Ele já está fora do ventilador, o caminho para a recuperação começou", disse o agente Andrew Wylie, em comunicado enviado a vários meios de comunicação. "Será longo; os ferimentos são graves, mas sua condição está a ir na direção certa", disse Wylie.
O agente disse anteriormente que Rushdie poderia perder um olho e que também sofreu ferimentos num braço e no abdómen.
Também o filho do autor disse neste domingo que a família está "extremamente aliviada" por Rushdie ter deixado de estar ligado a um ventilador e ter já conseguido "dizer algumas palavras".
"Embora os ferimentos que mudaram a sua vida sejam graves, o seu habitual sentido de humor agressivo e desafiador permanece intacto", disse Zafar Rushdie em comunicado.
O autor, que passou anos sob proteção policial depois de líderes iranianos terem pedido a sua morte pela representação do Islão e do profeta Maomé no seu romance "Versículos Satânicos", estava prestes a discursar num festival literário na sexta-feira, na zona Oeste do estado de Nova Iorque, quando um homem correu para o palco e o esfaqueou repetidamente no pescoço e no abdómen.
O suposto agressor, Hadi Matar, 24, foi atirado ao chão por funcionários e outros membros da plateia antes de ser levado sob custódia policial.
Foi presente a tribunal no sábado e declarou-se inocente das acusações de tentativa de homicídio.
A polícia e os promotores forneceram poucas informações sobre os antecedentes de Matar ou a possível motivação por trás do seu ataque.
A família de Matar é oriunda da aldeia de Yaroun, no sul do Líbano, embora ele tenha nascido nos Estados Unidos, de acordo com uma autoridade libanesa.
Um repórter da AFP que visitou a aldeia no sábado foi informado de que os pais de Matar eram divorciados e que o seu pai - um pastor - ainda morava lá. Os jornalistas que se aproximaram da casa do seu pai foram afastados.
Numa entrevista recente à revista alemã Stern, Rushdie falou sobre como, depois de tantos anos a conviver com ameaças de morte, sua vida estava "a voltar ao normal".
"Desde que moro nos Estados Unidos, desde o ano 2000, não houve nenhum problema", disse.
Rushdie tornou-se cidadão americano em 2016. Apesar da contínua ameaça à sua vida, ele era cada vez mais visto em público - muitas vezes sem segurança percetível.
A segurança não foi particularmente rígida no evento de sexta-feira no Chautauqua Institution, que hospeda programas de artes numa tranquila comunidade à beira do lago perto da cidade de Buffalo.
O esfaqueamento provocou indignação internacional de políticos, figuras literárias e pessoas comuns. O presidente dos EUA, Joe Biden, lamentou um ataque "cruel" e elogiou Rushdie pela "sua recusa em ser intimidado ou silenciado". O líder britânico Boris Johnson disse estar "chocado".
Mas o ataque também atraiu aplausos de radicais islâmicos no Irão e no Paquistão.
Matar está detido sem fiança e foi formalmente acusado de tentativa de homicídio em segundo grau e agressão com arma.