Rui Rio indiferente a possíveis "complicações" no congresso

Depois das listas aprovadas em Conselho Nacional, renovadas em 40%, é no congresso de Santa Maria da Feira, que se perceberá qual a reserva de oposição interna a ​​​​​​​Rio que persistirá.
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Os afastados ou relegados para lugares não elegíveis nas listas de candidatos do PSD às legislativas de 30 de janeiro ainda podem complicar a vida de Rui Rio no congresso do partido. É muito provável que, sobretudo alguns dos líderes das distritais que estiveram com Paulo Rangel na corrida à liderança (e que não foram escolhidos por Rio), organizem as suas tropas entre os congressistas para formar listas ao próximo Conselho Nacional, de modo a continuarem a ter peso ou até pedir contas ao líder caso este não consiga uma vitória nas legislativas.

"Se pensássemos só nas complicações estávamos tramados e não se fazia nada", afirma ao DN um dirigente social-democrata sobre as expectantes movimentações nos bastidores dos que saíram insatisfeitos - ou até zangados - deste processo de constituição das listas. A mesma fonte garante que Rui Rio não estará condicionado nas suas escolhas, tal como aconteceu nas listas, por qualquer pressão dos descontentes.

Depois das listas aprovadas em Conselho Nacional, renovadas em 40%, é no congresso de Santa Maria da Feira, que começa na próxima sexta-feira e termina no domingo, que se perceberá qual a reserva de oposição interna a Rio que persistirá.

A reunião magna que legitima o líder eleito e na qual são votados os órgãos internos - Conselho Nacional, Comissão Política Nacional, Comissão Permanente Nacional, Conselho de Jurisdição Nacional e Comissão Nacional de Auditoria Financeira - pode servir de palco para alguns dos excluídos colocarem a pressão da vitória nas eleições de janeiro sobre os ombros do presidente do partido. E ainda que se digam disponíveis para ajudar a essa vitória.

Os holofotes vão estar inevitavelmente virados para Paulo Rangel, o adversário derrotado, mas também para figuras como Miguel Pinto Luz e Luís Montenegro, antigos opositores. Tal como para os tais líderes das distritais que se viram agora relegados para um segundo plano pela direção do PSD, como o de Faro (Cristóvão Norte), Viseu (Pedro Alves) ou de Coimbra (Paulo Leitão). Ou ainda outros apoiantes do eurodeputado, como o líder da distrital do Porto, Alberto Machado, e o ex-presidente da concelhia de Gaia, Cancela Moura, que foram colocados em lugares não elegíveis (40.º e 39.º pelo Porto, respetivamente).

Fontes do PSD garantiram ao DN, no entanto, que Rio tem a intenção de estabelecer pontes com o seu ex-adversário Paulo Rangel, o que poderá passar por o convidar a encabeçar a lista que apresentar ao Conselho Nacional, para garantir alguma coesão interna.

O eurodeputado, que conversou com Rio mais do que uma vez depois das diretas, não saiu satisfeito do Conselho Nacional. "Sinceramente, eu acho que podia ter havido um sinal construtivo, no sentido da diversidade, que não existiu", disse após a reunião de terça-feira.

Acusado de ter feito uma "purga" aos apoiantes de Rangel, foi o próprio Rui Rio quem respondeu na noite do CN. "Não é correto dizer que em lugares elegíveis estejam só pessoas que me apoiaram, é mentira, é mentira mesmo. É verdade que a lista tem a marca da estratégia que ganhou, não pode ter a da estratégia que perdeu."

Fontes da direção do PSD admitem que sobretudo a lista de candidatos por Lisboa - cujo líder da distrital, Ângelo Pereira, também apoiou Rangel - foi fortemente mexida.

"Mas os deputados que saíram das listas não foram porque eram apoiantes de Rangel, é porque mostraram pouco trabalho parlamentar", asseguram, acrescentando: "As pessoas esquecem-se que Rui Rio conhecia bem a bancada parlamentar, que até liderou durante algum tempo, e sabe bem quem tinha competência e quem não a tinha".

Realçam os nomes da lista por Lisboa de Alexandre Poço, líder da JSD (10.º), e de Rodrigo Gonçalves (16.º), vice-presidente da distrital da capital, ambos apoiantes de Rangel, para realçar a ideia de qeu "nem todos foram afastados".

Entre os que saíram da lista por Lisboa estão Pedro Pinto, antigo vice-presidente do PSD e Pedro Rodrigues, antigo líder da JSD, e o histórico deputado Luís Marques Guedes, que era uma das figuras com maior credibilidade na bancada laranja e que tinha manifestado a intenção de fazer mais um mandato no Parlamento.

Na lista proposta pela distrital de Lisboa não constavam os nomes de apoiantes de Rui Rio, alguns dos quais com cargos dirigentes no partido. O líder colocou como cabeça de lista Ricardo Batista Leite, que liderou a lista por Sintra nas autárquicas , José Silvano, secretário-geral do PSD, Isabel Meirelles, vice-presidente, e Joaquim Sarmento, presidente do Conselho de Estratégia Nacional, entre outros.

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