Rui Pinto poderá ser interrogado sobre e-mails do Benfica
Rui Pinto poderá ser formalmente interrogado sobre o caso dos e-mails do Benfica, avança neste sábado o Jornal de Notícias. O português está em prisão domiciliária há um mês na Hungria a pedido das autoridades portuguesas por suspeitas de crimes de extorsão qualificada na forma tentada, acesso ilegítimo, ofensa a pessoa coletiva e violação de segredo, em relação ao fundo Doyen Sports.
O JN avança neste sábado que as autoridades portuguesas já requereram o alargamento de detenção europeu para permitir que Rui Pinto seja interrogado sobre as suspeitas de ter violado o sistema informático do Benfica e divulgado os e-mails que puseram o clube sob suspeitas de corrupção e tráfico de influência.
Segundo o mesmo jornal, a Polícia Judiciária encontrou várias semelhanças entre o ataque à Doyen e aquele de que o Benfica foi alvo, entre elas estão a utilização dos mesmos servidores e das mesmas técnicas de ataque. As mesmas semelhanças alastram-se a outros crimes informáticos, com cujas suspeitas Rui Pinto poderá vir a ser confrontado. Entre esses estão as tentativas de "exfiltração de dados" de e-mails trocados entre governantes entre 2016 e 2017.
O português está a ser defendido pelos advogados William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota - numa equipa que integra também advogados húngaros - que têm tentado evitar que Rui Pinto seja julgado em Portugal. Numa entrevista que deu recentemente, o jovem português afirmou ter a certeza de que não terá "um julgamento justo em Portugal". "O sistema judicial português não é inteiramente independente; existem muitos interesses escondidos. Claro que há procuradores e juízes que levam o seu trabalho a sério. Mas a máfia do futebol está em todo o lado. Querem passar a mensagem que ninguém se deve meter com eles", responde, quando questionado sobre a sua recusa em ser extraditado para Portugal.
"Estou nervoso porque sou alvo de ataques, principalmente pelos adeptos do Benfica. Desde o outono passado que tenho recebido ameaças de morte no Facebook. Tenho medo de que se puser os pés numa prisão portuguesa, especialmente em Lisboa, não saia de lá vivo", acrescentou.
Quando questionado se é um hacker, afirmou que não, que é apenas "um cidadão que agiu em nome do interesse público. A minha única intenção era revelar práticas ilícitas que afetam o mundo do futebol".
Tal como os seus advogados têm afirmado desde a detenção, Rui Pinto negou ter chantageado a Doyen Sports. Explica que pediu dinheiro para perceber qual o poder que teriam as informações que tinha : "Achei que conseguia descobrir isso se soubesse o quanto a Doyen estava disposta a pagar pelo meu silêncio. Nunca foi minha intenção aceitar o dinheiro", afirma.