O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, disse esta terça-feira no Jornal 2, da RTP 2, que a acusação de que foi alvo por parte do Ministério Público, no âmbito do processo Selminho, lhe pareceu "descabida e insultuosa".."O que consta é que beneficiei a minha família, mas nunca interferi neste projeto. Não mudei advogados nem a vereadora responsável. No final, toda a gente sabe o que aconteceu. A minha família não foi beneficiada, hoje os terrenos são da Câmara do Porto", justificou o autarca, que diz que o timing desta acusação não é inocente. "Isto surge em vésperas de eleições autárquicas. Este não é um calendário da inocência", frisou..Rui Moreira estranhou o facto de a juíza não ter ouvido uma testemunha que indicou, o advogado nomeado pelo seu sucessor, Rui Rio, mas não estranha as palavras da mesma, que considerou previsível a sua acusação: "Se a juíza não achasse que fosse previsível a minha acusação, o processo tinha ficado por aqui.".Ainda assim, o autarca diz que tem todo o respeito por tribunais: "Sou institucionalista, sempre fui.".Sobre o nervosismo visível que demonstrou esta terça-feira à tarde, quando comentou o caso pela primeira vez numa declaração aos jornalistas sem direito a respostas, o edil portuense diz que "quem não sente, não é filho de boa gente".."Provar a minha inocência não será uma causa de vida. Só não sente quem não é filho de boa gente. O meu pai faria hoje 90 anos, é um dia particularmente difícil. Era uma pessoa muito especial, que foi perseguida e foi um preso político. Agora é moda as pessoas acusadas irem para a televisão com sorrisos de plástico. Eu não, eu sou um ser humano, ninguém gosta de ser acusado de algo que é inocente", justificou..Rui Moreira criticou ainda Rui Rio, que lhe teceu críticas aquando da apresentação do candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto, Vladimiro Feliz. "Não me parece a melhor forma de fazer política. Não lhe conhecia essa forma, muito própria dos populistas e demagogos, e logo para quem se diz admirador de Francisco Sá Carneiro", afirmou..Sobre uma recandidatura, Rui Moreira atirou a decisão para outra data. "Não seria normal hoje anunciar uma coisa dessas. Tenho estado a fazer uma avaliação pessoal, com a minha família e o meu movimento. Vamos separar as coisas. Não pode valer tudo", rematou..O presidente da Câmara do Porto vai a julgamento no processo Selminho, onde é acusado de favorecer a imobiliária da família, da qual era sócio, em detrimento do município, decidiu esta terça-feira o Tribunal de Instrução do Porto..A juíza Maria Antónia Ribeiro, do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, decidiu pronunciar (levar a julgamento) o autarca, "nos exatos termos" da acusação do Ministério Público (MP), disse à agência Lusa fonte judicial..No debate instrutório, realizado em 29 de abril, o MP defendeu que Rui Moreira fosse a julgamento, reiterando que, enquanto presidente do município, agiu em seu benefício e da família, em prejuízo do município, no negócio dos terrenos da Arrábida. Isto, num conflito judicial que opunha há vários anos a câmara à empresa imobiliária (Selminho), que pretendia construir num terreno na escarpa da Arrábida..A defesa de Rui Moreira, acusado de prevaricação, em concurso aparente com um crime de abuso de poder, incorrendo ainda na perda de mandato, requereu a abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir por um Juiz de Instrução Criminal se o processo segue e em que moldes para julgamento.