Rui Gonçalves, o veterano que não se cansa de correr o Mundial

Piloto português de 31 anos inicia hoje a sua 16.ª temporada ao mais alto nível e tem como objetivo ficar no top 10. A paixão pelas duas rodas começou aos 4 anos... e aos 10 começou a ganhar os primeiros títulos
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O piloto português Rui Gonçalves é um dos veteranos no Campeonato do Mundo de motocrosse, competição que disputa desde 2002, tendo o seu ponto mais alto sido o título de vice-campeão, obtido em 2009, na classe de MX2. Na temporada seguinte, subiu à principal classe, a MXGP, e nunca mais de lá saiu. A primeira etapa da nova época disputa-se hoje, no circuito de Losail, no Qatar, e o motard de 31 anos, que representa a equipa italiana da 8biano Racing, está confiante numa boa estreia na sua décima sexta temporada ao mais alto nível.

"Fiz uma excelente preparação de inverno, que é sempre uma fase muito importante que antecede mais uma longa temporada. Sinto--me em forma e confesso que o Qatar é um circuito muito especial do qual gosto muito. Além de se correr de noite, tem um traçado que é particularmente do meu agrado. Estou com muita vontade de entrar em pista", começou por referir ao DN, depois de já ter realizado sessões de treino na pista.

Esta é sua segunda temporada na equipa 8biano Racing, depois de uma época de estreia que não lhe correu da melhor forma, pois esteve afastado da competição durante cerca de três meses, devido a uma grave lesão. Curiosamente, é também o segundo ano de existência da 8biano, que em 2016 tinha a designação de 8biano Massignani, tendo na altura sido construída de raiz e formada por seis pilotos, que além de correrem o Campeonato do Mundo de Motocrosse, disputaram o Campeonato da Europa de 125 cc e de 250 cc.

Momentos difíceis não têm faltado na carreira do experiente piloto português, mas o mais dramático ocorreu em maio de 2015, quando sofreu uma violenta queda no Grande Prémio da Grã-Bretanha e ficou internado num hospital de Southampton, com um pneumotórax e dez costelas fraturadas. Dias terríveis que recusou relembrar. "Não quero pensar nisso, vamos falar do futuro!", pediu, de forma perentória e revelando que ficaria satisfeito por terminar a época que hoje começa nos dez primeiros classificados. O inédito título de campeão, reconhece, é que não será certamente desta. "2009 foi o meu ano dourado e seria completamente irrealista pensar nessa possibilidade", indicou.

Ainda assim, Rui garante sentir-se ainda no auge em termos físicos e com "capacidade para realizar uma época muito consistente". Só pede que as lesões não voltem a atacá-lo, sublinhando que "além do período de afastamento, o regresso é muito difícil, pois é complicado reentrar no ritmo das corridas".

Aos 10 anos já ganhava títulos

A paixão pelo motocrosse começou bem cedo, depois de receber uma moto no Natal, quando tinha apenas 4 anos. "Adorei o presente e foi a partir daí que tudo começou! Ainda em criança comecei a entrar em competições e ganhei o primeiro título aos 10 anos. Aos 16 mudei-me para uma equipa belga e comecei a disputar o Campeonato do Mundo", recorda.

Foram tempos "muito emocionantes, de um miúdo que perseguia o sonho de disputar o seu primeiro Campeonato do Mundo, mas ao mesmo tempo bastante complicados", isto porque viajou para a Bélgica sozinho e não teve a companhia de qualquer familiar. Algo que, confessa, acabou por ajudá-lo a "ganhar maturidade desde muito novo". Não se pense, no entanto, que a família não acompanha a par e passo a sua carreira. "Lá longe, estão sempre comigo, principalmente os meus pais, que são as pessoas mais importantes para mim e que me apoiam em todos os momentos", agradece.

Perguntámos a Rui Gonçalves qual a moto que usa no dia-a-dia, fora dos circuitos. A resposta foi surpreendente. "Nem sequer tenho moto, ando de carro! Moto só mesmo em ambiente competitivo", referiu.

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