Rui Costa ajuda 'boom' imobiliário no Algarve
> paula martinheira
Quando poucos dias após o final do Euro 2004 o futebolista Rui Costa decidiu dar a cara pelo megaempreendimento Costa de Cabanas, no concelho de Tavira, convidando portugueses e estrangeiros a investir com ele no seu 'paraíso secreto', não imaginou a repercussão que o evento teria na procura de uma zona do Sotavento algarvio relativamente desconhecida, sobretudo no estrangeiro.
Aliado ao poderoso grupo irlandês Kendar Holdings Limited, a que se juntou também o maior grupo algarvio de mediação imobiliária (a Garvetur), Rui Costa deu o pontapé de saída para um boom no sector imobiliário algarvio, que se começou a sentir logo no início do ano, com irlandeses e ingleses a liderarem a procura. Reinaldo Teixeira, administrador da Garvetur, disse ao DN não ter dúvidas de que "2005 será um ano de franco crescimento no Algarve, para o qual muito contribuiu o empenho do Rui Costa e a mediatização do seu investimento no Reino Unido".
Depois da Costa de Cabanas, um empreendimento de 55 milhões de euros a concluir em 2006 (que integra apartamentos e moradias voltadas para a ria Formosa perto de uma extensa praia acessível por barco), segue-se esta semana o lançamento do segundo grande investimento de Rui Costa no Algarve - os Terraços de Benagil, no Carvoeiro, que custou oito milhões de euros. O empreendimento terá 49 moradias aninhadas sobre as falésias, entre as praias da Marinha e do Carvalhal (quase virgem). Isto num local onde hoje seria impensável câmaras e outras entidades deixarem construir qualquer coisa, devido aos planos de ordenamento e directores municipais.
Rui Costa voltou a dar a sua imagem ao empreendimento, "o suficiente para se vender num abrir e fechar de olhos", segundo os prognósticos de Reinaldo Teixeira. Basta ver o que aconteceu com a Costa de Cabanas, onde a maioria das vivendas (70%) da primeira fase, ainda em construção, já está vendida (com preços entre os 171 500 euros por um apartamento T1 e os 294 500 por um T2 num andar superior). A quase totalidade dos compradores em Cabanas são irlandeses.
Os irlandeses já conhecem o Algarve há muitos anos. A novidade depois do fenómeno Rui Costa é que eles acordaram de repente para duas pontas da região que "tradicionalmente não faziam parte das suas preferências - o Sotavento e o concelho de Lagoa", referiu ao DN Ana Abrantes, consultora no mercado de investimento internacional.
Mas há outros motivos para a expansão dos irlandeses no Sul de Portugal no imobiliária de lazer. Ana Abrantes lembra que a "lei de Abril de 2004, permitindo que as pensões de reforma possam ser aplicadas em propriedades no estrangeiro, sem qualquer penalização em impostos, foi ouro sobre azul".
E o que procuram os irlandeses? "Sol, praia, golfe, sossego e zonas verdes, segurança e bares perto de casa para poderem beber uns copos à noite e fumar à vontade, coisa que não podem fazer no seu país, desde a lei que proíbe o tabaco em bares", revela aquela consultora. Ana Abrantes acrescenta que aquele mercado procura moradias geminadas com piscina comum ou (os que têm maior poder de compra) casa com piscina, mas sempre "exigindo a máxima qualidade".