Ron Howard: "Este filme é o mais independente de todos os Star Wars"

Estreia-se hoje nos cinemas portugueses o novo episódio paralelo Han Solo - Uma História de Star Wars, de Ron Howard, que em Cannes falou em exclusivo ao DN.
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Ron Howard não está preocupado com a crueldade dos fãs de Star Wars e na entrevista ao DN até acha divertido: "Faz parte e dá muito prazer aos fãs criticarem!" O realizador considera que ao fazer um filme destes sabe que se está a expor aos "fãs raivosos". Por outro lado, diz, "sei que muita gente compreende a minha situação. Um fã Star Wars pode dar-se ao luxo de ficar muito emocional na defesa deste património. Obviamente, espero que todos gostem do filme, mas sei que Star Wars é uma coisa muito específica".

Peço-lhe um exercício: tentando colocar-se de fora, sente que esta aposta nas histórias paralelas do universo de Star Wars é algo que o público pede realmente?

Até que ponto então mais um Homem-Aranha é necessário!? O que sinto é que é válido haver estes spin-offs. A ideia para haver uma história a solo do Solo já existia antes da Disney ter adquirido a LucasFilm... Foi numa altura em que o George Lucas já tinha dado tudo o que tinha para dar nas séries de animação e havia o desejo de se continuar a saga dos Skywalker.

Mas para si isto é mesmo um spin-off ou mais um Star Wars verdadeiro?

Provavelmente, a nível de história, é o filme mais independente de todos. A narrativa surge naquele ponto em que o espetador não tem de saber nada daquilo que rodeia este universo... O próprio Solo aqui não tem qualquer informação. Para quem nunca viu um Star Wars, esta é uma boa porta de entrada! Esta história pareceu-me muito lógica, se é que de lógica podemos falar em termos de galáxia... Claro que este não foi um projeto do qual fiz parte do início - herdei muitas decisões já tomadas, mas consegui ainda entrar e contribuir com ideias e ficar criativamente envolvido. O meu ponto de partida foi, muitas vezes, o mesmo que usei para o documentário que fiz sobre os The Beatles, o Eight Days a Week, onde quis ter a certeza que os fãs fossem realmente respeitados. Aí fiz questão que os factos fossem exatos mas também quis dar a abertura aos que não era fãs e que mal conheciam os Beatles. Com Han Solo - Uma História de Star Wars, a ideia era a mesma.

Em todo o caso, entrou para o projeto já com ele em andamento e após a saída de Christopher Lord e Christopher Miller...

Para mim foi como entrar numa aventura e contribuir com alguma coisa.. Estava curioso com o universo Star Wars e conheço bem o J.J. Abrams. No passado, devo referir, o George Lucas chegou a perguntar-me se eu queria realizar um desses filmes mas nunca me interessou. Achei que deveria sempre ser ele a realizar os episódios 1, 2 e 3. Não fui o único a recusar. Agora aceitei porque estes filmes roubam-te alguns anos da tua vida mas entrar assim, tendo apenas uns nove meses para concluíres tudo, era uma oportunidade única, não tinha de estar tão preso a apenas um só filme. Se voltaria a trabalhar assim? Não, mas funcionou como processo de experiência. Provavelmente, nunca contei tanto com o meu instinto.

A data de estreia chegou a ficar em risco?

Ficou como dúvida. No final, os produtores olharam para tudo o que já estava montado e tomaram a decisão de manter esta data, mesmo sabendo que ainda teria de refilmar algumas sequências. Pedi duas semanas de filmagens suplementares em pleno período de pós-produção. Não foi nada exagerado e acabou por ser realmente muito compensador.

Qual a abordagem do documentário que está a fazer sobre Pavarotti?

Ainda estamos a meio. A sua vida foi uma ópera! Estou muito interessado em mostrar a uma nova geração a essência deste género.

Mas é fã de ópera?

Não, não percebo nada de ópera, tal como não percebia nada de Fórmula 1 ou da conquista espacial e fiz filmes sobre essas áreas...O que gosto é de explorar.

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