Robert Durst acusado de homicídio 39 anos após desaparecimento da mulher

Milionário norte-americano encontra-se a cumprir uma pena de prisão perpétua na Califórnia pelo homicídio da melhor amiga, que o terá ajudado a encobrir o assassinato da mulher
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Robert Durt foi acusado esta segunda-feira pelo homicídio da sua primeira mulher, Kathie McCormack Durst, que desapareceu há quase quatro décadas.

O milionário norte-americano, tornado famoso por um documentário do canal HBO, encontra-se a cumprir uma pena de prisão perpétua na Califórnia pelo homicídio da melhor amiga, um crime que remonta a 2000, Susan Berman, confidente de Durst, que o terá ajudado a encobrir o assassinato da mulher.

"Quando Kathleen Durst desapareceu em 31 de janeiro de 1982, a sua família e amigos ficaram com dor, angústia e perguntas que contribuíram por uma busca inabalável por justiça durante os últimos 39 anos", disse a promotora distrital de Westchester, Mimi Rocah, numa declaração em que anunciava a acusação.

Rocah disse que o seu escritório "revigorou a sua investigação" sobre Robert Durst quando ela assumiu o cargo em janeiro e que a acusação do milionário norte-americano foi um "grande passo em frente na busca por justiça para Kathie Durst, sua família e vítimas de violência doméstica em todos os sítios".

O advogado de Durst, Chip Lewis, disse aos jornalistas, por e-mail, que se tratavam de "notícias falsas".

O tribunal de Los Angeles condenou a 14 de outubro o excêntrico milionário de 78 anos a pena perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, pelo homicídio em primeiro grau de Susan Berman (o equivalente a homicídio qualificado), segundo a agência de notícias Associated Press (AP).

Berman foi encontrada morta na sua casa em Beverly Hills, com um tiro na cabeça, depois de ter sido interrogada pela polícia sobre o desaparecimento da primeira mulher de Robert Durst, Kathleen McCormack.

Kathleen desapareceu sem deixar rasto em 1982, após manifestar o desejo de se divorciar do marido.

A tese da acusação é que Robert Durst teria acabado por matar Susan Berman para a impedir de denunciar o caso à polícia de Nova Iorque.

O magistrado rejeitou o pedido da defesa para a realização de novo julgamento, afirmando que havia "provas suficientes, ou mesmo esmagadoras, de culpa".

O milionário, que se declarou inocente, foi detido em março de 2015, na véspera da transmissão do último de seis episódios de um documentário sobre a sua vida, exibido pela HBO, intitulado "The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst".

O documentário inclui as declarações de Robert Durst em que, a falar sozinho na casa de banho, com o microfone sem fios a gravar, admite ter matado três pessoas: "O que é que eu fiz? Matei-os a todos, é claro".

Herdeiro de uma família de Nova Iorque que enriqueceu com negócios no imobiliário, Durst estava na mira da justiça há mais de três décadas, por ser considerado suspeito de crimes ainda por resolver, incluindo precisamente o desaparecimento da mulher, pelo qual nunca tinha sido formalmente acusado.

"The Jinx" revisitou outro episódio sangrento na vida do milionário, igualmente evocado pela acusação: o homicídio de um vizinho, em 2001, que depois desmembrou, atirando o corpo ao mar, numa tentativa de fazer desaparecer o cadáver.

O milionário acabaria por ser absolvido do crime, graças a uma equipa de advogados de luxo, que alegaram uma combinação de autodefesa, disparo acidental e embriaguez.

O julgamento de Robert Durst começou em março de 2020, após um longo processo, em Los Angeles.

O milionário foi condenado em 18 de setembro, tendo agora sido lida a sentença.

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