Ricardo Sá Fernandes. "O Presidente da República não tem nada a ver com isto"

Em declarações à TSF, o advogado que representa Vasco Brazão - o antigo porta-voz da Polícia Judiciária Militar que se referiu ao "papagaio-mor do reino" - garante que Marcelo Rebelo de Sousa não está envolvido.
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"Não metam o Presidente da República nisto, porque ele não tem nada a ver com isso". A afirmação é de Ricardo Sá Fernandes, o advogado que representa Vasco Brazão, o antigo porta-voz da Polícia Judiciária Militar ouvido numa escuta a dizer que o "papagaio-mor do reino" sabia de tudo o que se passava com o roubo das armas de Tancos.

Em declarações à TSF, Sá Fernandes diz-se "absolutamente perentório de que o major Vasco Brazão não tem nenhum elemento, ou indicação, ou suspeita de que o senhor Presidente da República tivesse conhecimento do que quer que fosse".

"Vasco Brazão foi ouvido pelo Ministério Público durante o inquérito sobre essa escuta, e teve oportunidade de esclarecer os pontos que interessavam: primeiro, que não visava o senhor Presidente da República; segundo, que não tenho nenhum elemento que indique que o Presidente da República estivesse a par do que tinha acontecido em Tancos, aquando da recuperação das armas", acrescenta o advogado.

Questionado sobre quem é o "papagaio-mor do reino", Ricardo Sá Fernandes deixa a pergunta sem resposta - "Não me peça para dizer mais nada". Antes, já tinha diito que "podiam várias pessoas encaixar naquele perfil". "O que interessa, e isso é que é importante referir, é que do conhecimento do major vasco Brasão não há nada que o ligue ao Presidente da República", reiterou à TSF.

O Presidente da República "não é criminoso"

Esta terça-feira, em Nova Iorque, onde participa na Assembleia-Geral das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a dizer que nunca foi informado, por qualquer meio, sobre um alegado encobrimento na recuperação das armas roubadas em Tancos. E sublinhou que "é bom que fique claro" que o Presidente da República "não é criminoso".

"Nem através do Governo, nem através de ninguém no parlamento, nem através das chefias militares, nem através de quaisquer entidades de investigação criminal, civil ou militar, nem através de elementos da minha equipa, da Casa Civil ou da Casa Militar, nem através de terceiros, não tive", garantiu, citado pela agência Lusa.

Marcelo falava depois de a TVI ter noticiado que Vasco Brazão foi ouvido numa escuta a dizer que o "papagaio-mor do reino" sabia o que se passava em Tancos. À TVI, Ricardo Sá Fernandes já tinha afirmado: "Apesar de o processo ainda estar em segredo de justiça, em defesa da verdade e da honra do Major Vasco Brazão, esclareço que a referência ao "papagaio-mor do reino", que consta de uma escuta de uma conversa entre o meu cliente e a irmã, está descontextualizada e não teve em mente atingir o Sr. Presidente da República. De resto, o meu representado não tem conhecimento que o Sr. Presidente da República estivesse a par dos factos relativos ao achamento do material de guerra furtado em Tancos.

Recorde-se que o furto de armas de guerra nos paióis de Tancos foi conhecido a 29 de junho de 2017. O material roubado viria a ser recuperado na Chamusca, a cerca de 20 quilómetros de Tancos, quase três meses depois.

Mas a recuperação das armas acabaria sob investigação judicial, por suspeitas de tentativa de encobrimento do roubo, no âmbito da qual foram detidos o agora ex-diretor da Polícia Judiciária Militar Luís Vieira e o antigo porta-voz da PJM Vasco Brazão, além de três militares da GNR.

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