Revelado vídeo do tiroteio da polícia em Charlotte

Imagens não são suficientemente esclarecedoras sobre o incidente que incendiou o clima racial na Carolina do Norte
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Um vídeo de telemóvel com os momentos que antecedem o tiroteio da polícia no incidente que terminou com a morte de Keith Lamont Scott, em Charlotte, na Carolina do Norte, foi esta quinta-feira revelado.

As imagens, captadas pela mulher de Scott, Rakeyia, não esclarecem em pleno o que de facto aconteceu. A polícia afirma que o homem tinha consigo uma pistola, e que a sua presença justificou os disparos policiais, enquanto a família garante que ele tinha consigo apenas um livro e que foi vítima de racismo por parte da polícia.

No vídeo agora revelado pela NBC não é possível ver o que Keith Scott empunhava. Nas imagens, o homem aparece já no chão, rodeado por agentes policiais, após ter sido atingido a tiro.

Na gravação, divulgada pelo advogado da polícia, ouve-se a mulher gritar à polícia: "Não disparem, não disparem. Ele não está armado, não disparem".

É ainda claro que Rakeyia Scott tenta comunicar com o marido enquanto a polícia lhe ordena para "largar a arma".

"Keith, não os deixes partir os vidros [da carrinha]! Sai do carro. Não faças isso!", ouve-se a mulher gritar.

O vídeo pode impressionar as pessoas mais sensíveis.

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O incidente ocorreu quando a polícia de Charlotte se deslocou à zona em cumprimento de um mandado de captura de outra pessoa.

As autoridades afirmam que os agentes viram Keith Scott com uma arma na mão a sair da sua carrinha, tendo voltado para trás e tomado uma atitude agressiva quando os polícias o abordaram.

Já a família afirma que a vítima não estava armada e que se trata de um caso de violência policial, motivada por discriminação racial. E que se alguma arma foi encontrada no local esta foi "plantada" pela polícia.

Três dos polícias envolvidos no incidente levavam câmaras pessoais - ainda que o agente que disparou o tiro fatal não tivesse este equipamento. As autoridades recusam-se, pelo menos para já, a divulgar estas imagens, com o argumento de que fazê-lo poderia prejudicar a investigação em curso.

O caso levou milhares de pessoas para as ruas nas últimas três noites, manifestando-se contra o que classificam de racismo da polícia.

Estes protestos já deram origem a múltiplos episódios de violência, e levaram a ser decretado o estado de emergência.

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