Retrato da vida da ilha do Corvo em documentário

O realizador Gonçalo Tocha esteve mais de um ano a registar a vida na ilha açoriana do Corvo, condensando esse trabalho no documentário "É na terra não é na lua", que se estreia na quinta-feira, nos cinemas.
Publicado a
Atualizado a

Gonçalo Tocha iniciou o projeto "É na terra não é na lua" em 2007 e esteve quatro anos a tentar fazer um filme a partir das imagens que recolheu em "um ano e meio de idas e voltas" à pequena ilha açoriana.

Em declarações à Lusa, o realizador explicou que, na rodagem, acabou por fazer algo como um "arquivo contemporâneo em movimento", com a equipa a filmar tudo o que conseguia.

A ilha do Corvo "é dos poucos sítios no mundo, como é uma microcomunidade, fechada em si própria, onde é possível ter esta ideia meio louca de tentar filmar tudo", acredita Gonçalo Tocha.

Perante um "arquivo gigante", Gonçalo Tocha optou por fazer "uma espécie de diário", algo "em construção". Daí a opção pelos capítulos, que vão deixando o produto final "em aberto".

Da experiência de rodagem e da vivência de tantos meses na ilha, Gonçalo Tocha recorda "um sítio claustrofóbico", que provoca "uma ambiguidade de sentimentos", entre a "paixão enorme por aquele lugar no meio do Atlântico" e "alguma alergia, quase, a certos comportamentos de vida".

"É muito difícil entrar no Corvo para filmar", relatou. Foi pela "continuidade" que a equipa conquistou a ilha: "De repente começamos a pertencer, já não interessava se estávamos com a câmara ou não".

O documentário, premiado no DocLisboa, chegou a ser exibido no ano passado para os habitantes do Corvo e já percorreu vários festivais internacionais, nomeadamente na Suíça, onde recebeu uma menção honrosa no Festival de Locarno, Dinamarca, Canadá e Chile.

Feita a estreia comercial, "É na terra não é na lua" será exibido em abril e maio em seis festivais, quase todos em competição internacional, no Brasil (Festival Internacional Documentário de São Paulo e Rio de Janeiro), Argentina (BAFICI), Estados Unidos (San Francisco International Film Festival), Coreia do Sul (Jeonju International Film Festival) e Espanha (Documenta Madrid).

De 14 a 21 de abril integrará a seleção do Panazorean International Film Festival, em São Miguel, Açores.

Gonçalo Tocha, nascido em 1979, assinou em 2006 a primeira longa-metragem, "Balou", premiado no ano seguinte no festival IndieLisboa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt