Retirado pedido de extradição a futebolista do Bahrein retido na Tailândia

Autoridades tailandesas desistem de processo de extradição contra Hakeem al-Araibi, que poderá voltar para a Austrália, onde estava refugiado desde 2014
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O antigo futebolista da seleção do Bahrein, Hakeem Al-Araibi, foi libertado pela Tailândia, que retirou o processo de extradição contra o jogador, que deverá voltar à Austrália, onde estava refugiado desde 2013.

A decisão surpresa tomada esta segunda-feira surge depois de mais de 70 dias de detenção e consequentes protestos internacionais contra as tentativas do Bahrein o fazer regressar ao país.

Al-Araibi tem sido um crítico das autoridades do país de onde é natural desde que foi detido em novembro de 2012 e sujeito a tortura. Em 2014, as autoridades do Bahrein condenaram-no à revelia a 10 anos de prisão sob a acusação de atacar uma esquadra de polícia. O seu irmão está atualmente a cumprir uma pena de prisão com as mesmas acusações. Acontece que Hakeem estava num jogo de futebol que foi transmitido pela televisão.

O futebolista foi detido no dia 27 de novembro quando aterrou na capital tailandesa, resultado de um alerta vermelho emitido pela Interpol. As versões são contraditórias: o jogador, que tem estatuto de refugiado desde 2017, nunca poderia ser preso com base num alerta emitido pelo país do qual fugiu. Manama emitiu o alerta para a Interpol no dia 8 de novembro, no mesmo dia em que o jogador e a sua mulher receberam o visto para visitar a Tailândia em férias.

A forma como um jogador de futebol se apresentou, no dia 4, em tribunal, descalço e agrilhoado, chocou o mundo. A forma como se dirigiu aos jornalistas também não vai ser esquecida: "Por favor, digam à Tailândia, não me enviem para o Bahrein! O Bahrein não me defende. O Bahrein mata os xiitas!".

A Austrália exigiu repetidamente o regresso de Hakeem, mas a Tailândia remeteu sempre responsabilidades para o Bahrein. Agora que a liberdade foi conseguida, o ex-capitão da seleção australiana e um dos maiores ativistas na campanha para libertar o jogador, Craig Foster, congratulou a medida. "Tenho a certeza que a equipa da embaixada cuidará dele. Haverá lá lágrimas hoje à noite, como há em nossa casa agora", afirmou, citado pelo The Guardian.

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