Resíduos de carvão das minas ardem desde fogos de outubro
Desde os incêndios de outubro que os resíduos de carvão das minas do Pejão estão em combustão, lançando um cheiro intenso e, segundo o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, que foi funcionário daquelas minas, provocando gases tóxicos.
A combustão foi desencadeada pelo incêndio do dia 25 de outubro que afetou aquela zona de Castelo de Paiva. Desde esse dia que se têm observado sinais de que algo estaria a arder no interior de depósito de resíduos da exploração mineira que foi desativada em dezembro de 1994.
O comandante dos Bombeiros de Castelo de Paiva, Joaquim Rodrigues, disse à Lusa que os resíduos têm uma altura de 15 a 20 metros e os gases que resultam da combustão têm um cheiro intenso. "Está a arder muito no fundo", exclamou, sugerindo que terão de ser utilizadas máquinas para resolver o problema, depois de as tentativas de resolver o problema com água se terem revelado infrutíferas.
No local estiveram também o responsável da proteção civil distrital e um vereador, que registaram o problema, tendo-se decidido comunicar a situação para o Ministério do Ambiente e para a Agência Portuguesa do Ambiente. Ainda hoje, técnicos da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), à qual compete a monitorização das áreas mineiras degradadas, deslocam-se ainda hoje ao local para avaliar a situação.
O presidente da Câmara de Castelo de Paiva disse ter indicação de que não haverá razões para preocupação relativamente a riscos para a saúde pública, frisando que as zonas de combustão estão afastadas da população. Apenas a situação concreta de um lar de idosos, próximo de uma das entulheiras, poderá suscitar mais preocupação, admitiu.
O presidente da Junta de Pedorido, Joaquim Martins, admitiu alguma preocupação com a situação e defendeu que o problema tem de ser resolvido o mais rapidamente possível.
"As pessoas andam preocupadas também por causa do cheiro intenso a enxofre que se sente", anotou, enquanto afirmava desconhecer se os gases poderão ser prejudiciais para a saúde pública.
O autarca de Pedorido disse que as casas mais próximas do depósito de resíduos que suscita maior preocupação, num antigo campo de futebol da freguesia, se situam a cerca de 300 metros.
António Pinto, que mora naquela localidade, disse que a situação é "muito preocupante", porque a combustão dos resíduos de carvão provoca gases, visíveis a olho nu, com substâncias que "podem ser nocivas para a saúde pública", ao nível das doenças respiratórias.
Em 1994, quando foi encerrada a mina, as entulheiras foram cobertas com aterro, por imposição da União Europeia, contou.
Quanto mais tempo se demorar a extinguir a combustão, mais ela evoluirá para camadas profundas, tornando mais difícil eliminá-la, alertou.
* Com Lusa