O ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi está a pensar deixar o Partido Democrático (PD), que faz parte da atual coligação de governo, e criar a sua própria formação política, numa tentativa de atrair o eleitorado de centro, segundo disseram dois aliados este domingo..Tal jogada, que surge dias após o PD de centro-esquerda ter formado uma coligação de governo com o Movimento 5 Estrelas (ex-rival), iria abalar a política italiana e arriscaria tornar mais difícil a tarefa do atual primeiro-ministro, Giuseppe Conte..Renzi, que liderou um governo do Partido Democrático de 2014 a 2016, foi instrumental para montar a nova coligação depois de a Liga (extrema-direita) ter abandonado a sua aliança com o Movimento 5 Estrelas, na expectativa de obrigar a novas eleições e sair reforçada nas urnas..Mas Renzi tem uma relação complicada com o PD, fruto da sua demissão de primeiro-ministro em 2016, e tem havido rumores recorrentes de que está a planear criar um novo partido, levando com ele um grupo de deputados do PD que não estão satisfeitos com a atual direção do partido.."É como aqueles casais que fizeram tudo o que puderam para continuar juntos, mas no final não o conseguem fazer", disse um deputado do PD e aliado de Renzi, Ettore Rosado, ao La Repubblica. Renzi, que só tinha 39 anos quando chegou a primeiro-ministro e se tem repetidamente irritado com a ala mais à esquerda do PD, recusou confirmar as notícias da sua saída iminente, dizendo apenas que iria discutir os seus planos numa reunião com apoiantes no próximo mês.."Vou falar sobre política nacional e serei claro como até agora não fui", disse este domingo..Figuras de alto nível do PD pedem-lhe que se contenha: "Não faça isso. O PD é a casa de todos, a sua casa, a nossa casa", disse Dario Franceschini, ministro da Cultura. "Não nos deixes terminar, não nos enfraqueças dividindo o partido. Vamos desafiar a direita unidos", escreveu no Twitter..Os jornais italianos especulam que Renzi pode levar 31 eleitos com ele, tanto deputados como senadores, incluindo pelo menos um ministro e dois secretários de Estado..Apesar de tal grupo continuar a fazer parte da coligação, poderia complicar a vida de Conte, que teria que lidar com mais exigências políticas para manter o seu governo de pé..Contudo, Rosato e outro dos apoiantes de Renzi, Ivan Scalfarotto, disse que um novo partido poderá reforçar o governo, ao atrair dissidentes da Força Itália de Silvio Berlusconi, alargando a maioria parlamentar da coligação. O apoio pela Força Itália caiu desde as eleições de 2018, mas o da Liga tem subido. Os apoiantes de Renzi acreditam que isto deixou um vazio no centro e esperam poder ser a resposta..O Partido Democrático tem raízes no outrora poderoso Partido Comunista e o seu novo líder, Nicola Zingaretti, tem tentado atrair um grupo de dissidentes de esquerda que deixaram a formação política quando Renzi estava na liderança. "Não somos o partido da bandeira vermelha", disse Rosato.