Remakes, spin-off, reboots, sequelas: a preguiça mora em Hollywood

Na semana em que se estreia Point Break, um guia para sobreviver à vaga de "baralhar e voltar a dar"
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Fazer de novo, fazer mais do mesmo, voltar a fazer o mesmo. Em Hollywood, o verbo a conjugar é refazer - os cínicos podem dizer copiar. A fórmula da repetição está num ponto em que já nenhum executivo de uma major se ofende quando se menciona a palavra preguiça. O mercado percebeu que a zona de conforto do espectador comum vive de elementos de reconhecimento fáceis. Já é assim há muito tempo mas agora abusa-se. Chegámos ao ponto em que se refaz o que é recente. Os estúdios acreditam que mesmo a miudagem quer mais do mesmo, se possível com renovação de efeitos visuais e de elenco: upgrades virtuais. Em 2015 a Fox aprendeu uma lição amarga com Quarteto Fantástico, o reboot de uma série que tinha tido em 2007 o seu último capítulo. O mundo percebeu que houve precipitação: a renovação do elenco e o voltar à estaca zero da história foi um tiro ao lado. Além de ser mau, o novo Quarteto Fantástico foi um flop de bilheteira, um dos maiores do ano.

Nesta semana, chega aos cinemas outro filme que se tornou um notório fracasso: Point Break - Caçadores de Emoções, de Ericson Core, um remake do famoso clássico dos anos 90 Rutura Explosiva (1991), de Kathryn Bigelow, no qual se contava a história de um agente do FBI que se infiltrava num grupo de assaltantes de bancos que eram também destemidos surfistas. A razão para a Lion"s Gate ter investido numa nova versão? Ao longo dos anos o primeiro Point Break, excelente filme de ação, foi ganhando figura de clássico. A razão para o público americano ter ignorado a nova versão? Não haver arte nem engenho para transformar a adrenalina das personagens "radicais" em matéria de thriller funcional. Ou seja, muitos dos remakes que têm tido luz verde acabam por não funcionar - derrapam nas receitas e são linchados pela crítica, veja-se o que aconteceu com Poltergeist (2015), de Gil Kenan; Carrie (2013), de Kimberly Peirce, ou, dois anos antes, A Coisa (remake de Veio do Outro Mundo), de Mat-thjis van Heijningen. Brian de Palma e John Carpenter muito se devem ter rido destas tentativas fúteis de se brincar com as saudades dos fãs dos originais. Teme-se também o pior para a nova versão que Jonathan Liebesman está a fazer de Jumanji, fantasia inspirada que Joe Johnston fez em 1995 ou a heresia do russo Timur Bekmambetov, cujo "seu" Ben-Hur tem já estreia marcada nos EUA para o próximo verão.

Veja o trailer de Point Break - Caçadores de Emoções (2015):

[youtube:ncvFAm4kYCo]

Veja o trailer de Point Break (1991):

[youtube:UuVDrpl1tIY]

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