Esta onda de séries militares reflete um tema de patriotismo e do momento atual no país? .Não, para nós é como a série lida com estas pessoas fora do seu ambiente de trabalho. É uma série de ADN, sobre como lidamos com a nossa família, os nossos parceiros amorosos quando chegamos a casa, os problemas e o drama destas personagens. Nesta temporada há muitas séries militares, mas a nossa é especificamente orientada e focada em trazer para a luz do dia o que acontece fora do espaço de trabalho. Claro, somos uma série militar, operadores Tier One que vão ser destacados - o que significa estar longe da família de seis meses a um ano. Essa partida quase nos permite ter duas séries na mesma série. É muito interessante a forma como estas pessoas reagem e vivem a sua vida afastadas das famílias. O que me entusiasma são sempre coisas impulsionadas pelas personagens, os seus caracteres. Esta série é militar, mas é também sobre esperança, descoberta, compreensão, trazer a lume problemas que estes homens e mulheres têm. Pode chamá-los de heróis, mas quando vêm para casa a máscara cai e há muitas complexidades neles. É perturbador ver isso e, como ator, interpretá-lo..Que tipo de feedback tem recebido da audiência militar? .É muito bom, estamos a ser reconhecidos. A autenticidade está lá, os momentos preciosos estão lá. Trabalhamos com técnicos Tier One, Delta Force, rangers, as pessoas que estão ou estiveram mesmo nestes cargos, para ter a certeza de que estamos a fazê-lo corretamente. Isso passa pelo diálogo militar, como atacamos, como nos infiltramos e saímos. A linguagem que usamos quando estamos a trabalhar é extremamente importante porque precisamos que faça sentido com o resto do diálogo da personagem. Uma vez entendido o uso militar da linguagem, entra-se nas mentes dos militares Tier One e como eles operam através do humor, risos, citações de filmes. É uma fraternidade, camaradagem, dar e receber, riso no meio da dor e dos ferimentos. Temos sido reconhecidos por operadores Tier One que respeitam isso, e outros militares que veem a série dizem que é mesmo assim. .Identificam-se com o retrato que vocês fazem das suas vidas pessoais? .Sim. Para mim, interpretar o Jason Hayes é trazer drama. Drama é conflito, por isso como ator temos sempre de o trazer para as personagens. Temos de ser verdadeiros e realistas, sem esquecer de colocar esse conflito nas relações com outras personagens. Isso é possível falando com os operadores e entrando nas suas mentes sobre histórias de quando regressam a casa, como lidam com isso, como lidam com os parceiros, como se integram na sociedade depois de uma operação longa, uma missão ou destacamento. Estas pessoas operam em calma completa e adoram o caos. Para eles, irem a um parque aquático com o filho de 13 anos é muito melhor do que ir a uma praia no Havai. Porque há caos nisso e, quando eles estão em casa ou no Havai, ficam doidos. Não sabem como relaxar. A sua mente está sempre a funcionar..A série vai abordar o atual ambiente político? .Não somos uma série política. Temos generais que nos dizem para fazer algo e chamamos-lhe "comedores de bolos", mas fazemos o nosso trabalho. .Esta onda de séries militares não tem subjacente a vontade de unir a audiência? .Não vou dizer que estou aqui para unir os americanos. Nós vamos para outros países e fazemos operações com forças europeias. Vamos olhar para o soldado e o que ele passa, é isso que estamos a examinar. Não estamos a olhar politicamente para isto. Claro, temos um uniforme com a nossa bandeira - tal como vocês terão em Portugal..Qual foi o maior desafio na fase de preparação para este papel?.Ser verdadeiro em relação a estas histórias, ter a certeza de que acertamos. Fisicamente, não treinei como eles. Joguei hóquei no gelo. Usei a mentalidade e a metáfora do desporto no meu trabalho. Penso que um jogador de hóquei é uma boa metáfora para um SEAL. É um desporto muito físico, muito rápido, é preciso trabalhar em equipa. .Transitou muito rapidamente de Ossos para esta série. Porquê?.Aconteceu. Não foi amor à primeira vista com este guião. Na verdade, rejeitei o papel quando me foi oferecido. E depois fiquei com dúvidas se tinha tomado a decisão certa, porque esta personagem era como uma tela em que eu podia criar. Eles tiveram algumas dificuldades, voltaram a falar comigo e nessa altura disse que sim. .Sentiu dificuldade ao passar do Booth para o Hayes? .Sim, foi um desafio. Do ponto de vista da personagem, o Hayes tem de compreender a complexidade da sua mente. O Booth era mais uma inteligência sagaz, sarcástico. O Jason é introvertido e tenta equilibrar o seu cérebro. É mais compartimentalizado do que o Booth alguma vez seria e a fasquia é mais elevada para ele. Uma temporada inteira é algo difícil de fazer, mental e fisicamente. É muito trabalho - mas algo que adoro.