Reino Unido admite intervenção militar contra uso de armas químicas

ONU denunciou a existência de "combates contínuos" no leste de Ghouta, apesar do cessar-fogo de cinco horas em vigor
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O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, disse hoje que o Reino Unido devia "ponderar seriamente" uma intervenção militar contra a Síria se existirem "provas indiscutíveis" sobre o uso de armas químicas pelo Governo.

Em declarações à emissora britânica BBC Radio 4, o diplomata reconheceu que "é muito importante reconhecer que não existe uma solução militar que o Ocidente possa impor agora" no conflito na Síria, mas acrescentou que é preciso responder às ações de Bashar al-Assad.

"Temos de perguntar a nós próprios, enquanto país, e creio que os países ocidentais devem perguntar-se a si próprios, se podemos permitir o uso de armas químicas, se podemos permitir que a utilização de armas ilegais fique sem resposta, que fique impune, e creio que não podemos", disse Boris Johnson.

Segundo o político conservador, citado pela agência de notícias espanhola Efe, "se existem provas indiscutíveis sobre a utilização de armas químicas, verificada pela Organização para a Proibição de Armas Químicas, se sabemos que isso aconteceu e se podemos prová-lo, e se existir uma proposta de ação na qual o Reino Unido poderia ser útil, então sim, creio que devíamos ponderar seriamente".

Os comentários de Johnson coincidem com o início de cinco horas de tréguas no ataque do regime sírio ao enclave rebelde de Ghouta Oriental, perto de Damasco, uma medida ordenada pela Rússia, aliada das tropas de Al-Assad, para permitir que os civis 'apanhados' pelos bombardeamentos possam abandonar a zona.

Um correspondente da Agência France Presse em Douma, a maior cidade da fortaleza rebelde, situada às portas de Damasco, bem como o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), relataram que a noite foi calma.

O canal de televisão estatal difundiu imagens do corredor junto ao campo de refugiados palestinianos de Al Wafidin, que separa as áreas controladas pelo Exército sírio e as fações da oposição e islamitas, em Ghouta oriental, nos arredores de Damasco.

Em Al Wafidin estão vários autocarros e ambulâncias prontas para transferirem os civis para o centro de acolhimento de Al Dueir, a dois quilómetros do campo de refugiados palestinianos.

Mesmo assim, o jornalista da televisão oficial síria refere que "grupos terroristas" estão a disparar foguetes atingindo a zona de evacuação.

Também o porta-voz do Escritório de Ajuda Humanitária da ONU denunciou a existência de "combates contínuos" no leste de Ghouta. Jens Laerke considerou não existirem condições des egurança para entrada de ajuda humanitária e saída de feridos daquele enclave.

No sábado, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução para permitir um cessar-fogo de 30 dias, que não impediu as hostilidades de continuarem.

A Rússia anunciou na segunda-feira uma trégua humanitária quotidiana, das 09:00 às 14:00, que começou hoje.

Durante a semana passada morreram mais de 500 civis em Ghouta oriental, zona onde os ativistas dizem ter sido usadas armas químicas no ataque de domingo.

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