Rei Alberto II despede-se com apelo à coesão dos belgas

O rei Alberto II despediu-se hoje de um reinado de 20 anos, com um apelo à "coesão" dos belgas, em referência às profundas divergências entre norte (Flandres) e sul (Valónia) da Bélgica.
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Na véspera de entregar o trono ao seu filho Filipe, Alberto II disse, em discurso transmitido pela televisão, que os belgas podem "olhar para o futuro com confiança" e pediu que a Bélgica possa "envolver" o novo rei, que será entronizado no domingo.

"A Bélgica encontrou um novo sopro, tanto no plano interno como no europeu", disse Alberto II, de 79 anos, que deixa o trono por razões de saúde, decisão anunciada a 03 de julho.

Alberto II também pediu que os belgas estejam junto da "futura rainha Matilde", a mulher de Filipe, e pediu "uma colaboração ativa" para a apoiar.

"Eles formam um excelente casal ao serviço do nosso país e reúnem toda a minha confiança", disse Alberto II.

O monarca, que foi entronizado a 21 de julho de 1993, aludiu às duas crises políticas que marcaram o seu reinado e reconheceu que a Bélgica "não foi sempre fácil de governar".

Contudo, Alberto II enalteceu "o bom-senso de compromisso construtivo" do maior maior dos responsáveis políticos, o que, assinalou, permitiu transformar "um Estado unitário num Estado federal".

"Estou convencido de que a manutenção da coesão do nosso Estado federal é vital, não apenas para a qualidade da nossa vida em sociedade, mas também para a preservação do bem estar de todos", notou, em mensagem dirigida à Flandres, que tem quase 60 por cento da população belga.

No domingo, feriado nacional, o rei Alberto II dos belgas vai entregar o trono a Filipe, que irá prestar juramento perante o Senado e a Câmara dos deputados, em Bruxelas.

A cerimónia será marcada pela sobriedade, não tendo sido convidados quaisquer representantes de monarquias estrangeiras, mantendo a tradição belga.

Às 10:30 (9:30 de Lisboa), Alberto II assina o ato de abdicação e, às 13:00, o seu filho mais velho é entronizado como sétimo rei dos belgas.

Aos 53 anos, o príncipe Filipe herda um país dividido - o seu pai tornou-se o baluarte da unidade nacional, depois de ter gerido duas graves crises políticas - e os analistas adiantam que poderá ter a sua primeira prova de fogo já no próximo ano, com as eleições legislativas de maio.

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