Região italiana oferece 700 euros por mês a quem for para lá viver

Objetivo é travar a desertificação com novos residentes e os estrangeiros são bem-vindos. Mas têm de escolher uma localidade com menos de 2000 habitantes e devem criar um negócio.
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Molise é uma região com escassa população no sul da Itália, mas onde não existe delinquência e o ar é puro. Mas está tão fora do radar que muitos italianos brincam que "Molise não existe". Pois, os seus habitantes querem mudar esta ideia e, por isso, os orgulhosos locais rejeitaram o desprezo e criaram o seu próprio ditado: "Molise existe e resiste".

"Eu acrescentaria algo mais ao que se tornou o nosso mantra - 'Molise convence'", disse Donato Toma, presidente da região, ao jornal inglês The Guardian. Toma está empenhado em convencer pessoas a irem morar na segunda mais pequena região da Itália - um território montanhoso com uma população de 305.000 habitantes que só existe desde 1963, quando foi separado do vizinho Abruzzo.

Donato Toma está a seduzir novos habitantes com dinheiro: os recém-chegados receberão 700 euros por mês durante três anos em troca de se instalarem numa localidade em risco de morrer. E não é só para italianos; os estrangeiros podem inscrever-se a partir de segunda-feira. Mas há requisitos.

As pessoas que se candidatem a receber mensalmente a "renda dos residentes" devem instalar-se numa localidade da região com menos de 2000 habitantes e devem abrir um negócio. O negócio pode ser qualquer coisa, enquanto aqueles que trabalhem remotamente também podem aderir, desde que comprovem que estão a contribuir para a economia, por exemplo, comprando ou alugando uma casa e recorrendo a serviços locais. "Isso não é um presente, é mais uma ajuda", disse Toma.

O plano será inicialmente limitado a 40 candidatos e se, depois de um ano, as coisas estiverem a correr bem, Toma procurará financiamento para mais pessoas.

"Oferecemos tranquilidade, nada de delinquência, ar fresco, a água mais pura e um ambiente limpo", disse o responsável da região. "As pessoas são muito acolhedoras. Pode deixar a porta de casa aberta e o carro com as chaves dentro sem se preocupar. As crianças podem brincar livremente nas ruas."

Em Macchiagodena, uma cidade no topo de uma colina com cerca de 1000 pessoas, e em Roccasicura, lar de apenas 520, o jornal inglês encontrou uma paisagem natural única e ambas as cidades bem cuidadas. Mas estão entre as 100 localidades que precisam desesperadamente de um aumento populacional. "Perdemos cerca de 10 pessoas por ano e apenas nascem quatro bebés anualmente", disse Fabio Milano, autarca de Roccasicura.

Roccasicura tem café, mercearia, farmácia e sapateiro. A escola foi forçada a fechar em 2011 devido à falta de crianças. Há uma igreja, um castelo e inúmeros trilhos. "Roccasicura é para mim a cidade mais bonita de Molise", aponta Milano. "A principal dificuldade é que existem mesmo poucas pessoas, o que nos deixa com pouco dinheiro para dedicar aos serviços."

Nesta cidade, uma casa custa em média 50 mil euros e alugar uma habitação não fica por mais de 150 a 200 euros por mês.

Entre os locais, as opiniões dividem-se. Há quem aprove a ideia e espere ver a chegada de mais habitantes. Outros mostram-se céticos quando à capacidade de atrair pessoas para um local onde há poucos empregos. E há mesmo discorde. "Essa ideia é um pouco ridícula", disse Fernando Meo enquanto jogava cartas com os amigos no café. "Não se pode apenas oferecer dinheiro às pessoas. Têm de vir para trabalhar e criar emprego".

Mas Toma não se intimida com os que duvidam do seu projeto, especialmente desde que foi inundado de perguntas quando as notícias surgiram. E tem uma mensagem para os britânicos desiludidos com o Brexit: "Venha para Molise, além de tudo o resto, temos sol abundante".

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