Região alemã elege novo líder de governo com o apoio da extrema-direita
A pequena região da Turíngia quebrou um tabu político na Alemanha esta quarta-feira, quando um candidato à presidência do governo regional foi inesperadamente eleito para o cargo com o apoio do partido de extrema-direita AfD.
Thomas Kemmerich, eleito pelo FDP, partido liberal, obteve 45 votos, ultrapassando por um voto o atual líder de esquerda, Bodo Ramelow.
"Esta é a primeira vez na história da Alemanha moderna que um primeiro-ministro é eleito com votos do AfD", disse o cientista político Andre Brodocz.
O candidato do AfD recebeu zero votos, indicando que os deputados regionais do partido estavam alinhados como um bloco para eleger Kemmerich.
Embora a votação tenha sido secreta, o candidato liberal deve ter recebido também apoio de deputados dos conservadores da CDU, da chanceler Angela Merkel, bem como dos seus companheiros do FDP.
Entretanto, a CDU nacional reagiu e pediu novas eleições na Turíngia. "A CDU disse repetidamente que não pode haver cooperação com a AfD", disse Paul Ziemiak, secretário-geral da CDU. "Novas eleições seriam a melhor coisa para a Turíngia", acrescentou.
A comunicação social alemã foi rápida a descrever o evento como um "terramoto político", já que os principais partidos até agora recusavam-se a trabalhar com as políticas anti-imigração, anti-islão e anti-UE propostas pela AfD.
Esta novidade política na Turíngia é ainda mais surpreendente para os observadores, já que o líder da AfD, Bjoern Hoecke, é uma das figuras mais radicais do partido, liderando um movimento dentro do partido.
Hoecke pediu uma "viragem de 180 graus" na cultura alemã de recordação do Holocausto e outros crimes dos nazis, que formam um pilar central da vida política do país após a II Guerra Mundial.
Mas a Turíngia também pertence ao antigo leste comunista da Alemanha, onde a rejeição da extrema-direita não tem raízes tão profundas como no oeste, desde a reunificação do país em 1990.
Como noutros estados, as eleições regionais do outono de 2019 trouxeram o crescimento da AfD.
Mas, à luz do "linha vermelha" da extrema-direita, Ramelow, líder regional, tinha sido amplamente indicado para ser reeleito à frente de um governo minoritário. Agora a situação foi alterada, com os políticos de esquerda a criticarem de forma dura a posição do FDP e da CDU: "Hipócritas" e "Caiu a máscara", foram algumas das críticas ouvidas em pleno parlamento regional.