Redescobrir o cinema soviético da década de 1920

Caixa de DVD Clássicos Russos inclui três títulos: <em>A Casa na Praça Trúbnaia</em>, <em>Arsenal</em> e <em>O Homem da Câmara de Filmar </em>
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A perceção do cinema soviético gerado pela Revolução de Outubro surge frequentemente limitada por um de dois clichés: primeiro, foi um período marcado por um experimentalismo exuberante, tendencialmente abstrato; segundo, todos ou quase todos os filmes se podem reduzir a um discurso de "propaganda". Mesmo não escamoteando tais vetores - a experimentação formal e a contaminação ideológica -, convenhamos que a sua pertinência é escassa, mesmo no plano estritamente descritivo. Daí a importância de uma nova caixa de DVD que, sob a designação Clássicos Russos, integra três títulos de 1928-29 (ed. Leopardo). Um deles, A Casa na Praça Trúbnaia, de Boris Barnet, poderá ser a maior surpresa para a maior parte dos espectadores, já que se centra na atribulada odisseia de uma jovem que chega a Moscovo para trabalhar como empregada doméstica - apetece dizer: uma verdadeira comédia sobre a luta de classes. Os outros dois são mais conhecidos, surgindo normalmente citados como clássicos deste período: Arsenal, de Aleksandr Dovzhenko, sobre a Ucrânia depois da devastação da Primeira Guerra Mundial, e O Homem da Câmara de Filmar, de Dziga Vertov, documentando o quotidiano dos cidadãos de Moscovo.

Com Vertov, em particular, compreendemos que as potencialidades criativas da montagem e a oscilação da fronteira documentário/ficção são questões que o cinema enfrentou muito cedo -- e de forma exuberante.

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