Redacção da RTP admite fazer queixa à ERC
Os jornalistas da RTP admitem fazer uma queixa à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) caso a administração da estação não retire "de imediato o processo disciplinar contra o jornalista José Rodrigues dos Santos", exigência pedida pelos jornalistas no comunicado do conselho de redacção.
O DN sabe que esta questão foi discutida no plenário de sexta-feira, e esteve para fazer parte do comunicado, mas que os jornalistas decidiram esperar por uma reacção dos responsáveis da estação ao comunicado antes de avançarem com uma queixa formal.
Caso a reacção da administração não seja a que os jornalistas esperam, o conselho de redacção avançará com a queixa, que obrigará a uma intervenção da Entidade Reguladora. Esta tem, até agora, afirmado que não vê razões para intervir no processo.
Nos próximos dias, a redacção da estação pública - que considera que este processo abre um precedente grave e limita a sua liberdade de imprensa - espera duas reacções: a de Luís Marinho, director de informação da RTP e a de José Rodrigues dos Santos . O pivô tem dez dias úteis para responder à nota de culpa. Esta foi entregue na terça-feira, dia 13, o que significa que o jornalista tem até dia 27 para apresentar a sua defesa contra as acusações dos responsáveis do canal.
Neste documento, Almerindo Marques, agora de saída da RTP, e os seus pares pedem o despedimento do jornalista com justa causa por ter violado o dever de respeito e de urbanidade para com a empresa, por não cumprir com assiduidade o seu trabalho, por ter sido desleal ao acusar a administração de interferências e por ter lesado o bom nome da RTP.
Fonte da redacção explicou ao DN que as justificações apresentadas não serão suficientes para despedir o pivô com justa causa. "Ninguém justifica as ausências de horário. Se eu for almoçar com uma fonte, por exemplo, estou fora da redacção mas estou a trabalhar na mesma", afirma.
Esta questão foi levantada pela própria administração, que acusa José Rodrigues dos Santos de não passar pelo controlo biométrico (identificação por impressão digital) quando saía para almoçar, ir ao médico ou outro acontecimento, limitando-se a passar o cartão de funcionário pelo torniquete (os trabalhadores da RTP têm dois controlos de entrada e saída do edifício).
Quanto à notícia da saída de Almerindo Marques da RTP, esta foi bem recebida pelos jornalistas. "Ninguém gosta dele. Aliás, de nenhum dos administradores. Mas o Almerindo Marques era um ódio de estimação da redacção", defende fonte interna da estação pública.