Recontagens em curso não devem tirar vitória a Trump
A equipa de Donald Trump já apelidou de "absurdo" o pedido de recontagem de votos feito pela candidata de Os Verdes, Jill Stein, em três estados ganhos pelo presidente eleito, mas por uma margem muito curta. A equipa de Hillary Clinton vai ter os seus advogados presentes nestas recontagens, que caso lhe dessem a vitória, lhe dariam também a Casa Branca. Mas tudo indica que tal não acontecerá.
No meio deste processo de recontagens, o próprio presidente eleito já reclamou para si a vitória do voto popular. Facto que não corresponde à verdade: neste momento, Hillary Clinton tem mais dois milhões de votos que Donald Trump. "Além de ter ganho o colégio eleitoral por uma maioria, ganhei o voto popular, se deduzirem os milhões de pessoas que votaram ilegalmente", escreveu Trump no domingo na sua conta no Twitter.
Na mesma série de tweets, Trump falou em "sérias fraudes eleitorais" na Califórnia, New Hampshire e Virginia, estados ganhos por Hillary Clinton. Mas as autoridades dos três estados rejeitaram as acusações do presidente eleito. Também a Casa Branca, na segunda-feira, garantiu não existirem provas de fraude.
Ignorando a garantia da Casa Branca e numa corrida contra o tempo, pois os prazos estão a terminar, Jill Stein entregou na segunda-feira o seu pedido de recontagem de votos na Pensilvânia. Três dias antes tinha feito o mesmo no Wisconsin. A campanha da ecologista anunciou que farão o mesmo no Michigan, onde o prazo termina hoje. Stein conta com o apoio da equipa de Clinton nestes pedidos.
Donald Trump venceu nestes três estados, conseguindo os seus 46 votos eleitorais, mas por uma margem muito curta. No Wisconsin (10 votos eleitorais), a diferença entre o republicano e Clinton é de 22177 votos, na Pensilvânia (20 votos eleitorais) é de 70638 e no Michigan (16 votos eleitorais) 10704.
Ou seja, se nestas recontagens se verificasse que tinham havido irregularidades, dando a vitória a Clinton, a democrata passaria a ter um total de 278 votos eleitorais e tornar-se-ia na futura presidente dos EUA, mais oito que os necessários para roubar a Casa Branca a Trump.
As autoridades do Michigan vão começar amanhã a recontagem dos mais de 25 milhões de votos. Processo que terá de terminar antes de dia 13. Amanhã tem início também a recontagem dos quase três milhões de votos do Wisconsin. "Vamos fazê-lo, mas estou confiante de que o presidente eleito vai ganhar. Estamos a fazer tudo o que podemos para acabar a tempo e não interferir com o colégio eleitoral", disse Mark Thomsen, presidente da Comissão de Eleições do Wisconsin, nomeado pelos democratas.
Os pedidos de recontagem de votos a nível estadual são raros e os exemplos de alterações nos resultados finais são ainda mais escassos - segundo uma análise feita pelo grupo FairVote, entre 2000 e 2015, só aconteceu por 27 vezes (em 4687 escrutínios), com uma mudança média de 282 votos, e apenas três candidatos venceram eleições à custa de recontagens, todos eles democratas. "Em termos gerais, a probabilidade de uma recontagem estadual ter impacto no resultado e extremamente pequena, a menos que o resultado original seja excecionalmente próximo", disse ao site FiveThirtyEight Rob Richie, diretor executivo da FairVote.
Objeção religiosa
A última palavra será dada no próximo dia 19, altura em que os 538 membros do colégio eleitoral irão escolher oficialmente o próximo presidente dos Estados Unidos. Na eleição de 8 de novembro, Trump conquistou 306 e Clinton 232, sendo que precisam de 270 para ganhar.
Os grandes eleitores raramente vão contra a vontade dos eleitores e alguns estados têm leis que os proíbem de os fazer. Mas este ano, dois deles - um do estado de Washington e outro do Colorado (ambos ganhos por Clinton) -, criaram um movimento para tentar convencer outros a não votarem em Trump. E esta semana, um grande eleitor do Texas (estado conquistado por Trump), demitiu-se da sua posição por ter "uma objeção religiosa" em votar no empresário.