Recolher obrigatório nas Honduras à espera do resultado das presidenciais

Tanto o presidente Juan Orlando Hernández, que tenta a reeleição, como o opositor Salvador Nasralla dizem ser os vencedores
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Uma semana após as eleições presidenciais, ainda não há resultados definitivos nas Honduras, apesar de tanto Juan Orlando Hernández (que tenta a reeleição) como o opositor Salvador Nasralla se terem proclamado vencedores. Pelo menos sete pessoas morreram e 20 ficaram feridas nos protestos dos últimos dias, com a oposição a denunciar a existência de fraude eleitoral. O governo decretou na sexta-feira o estado de emergência durante dez dias, assim como o recolher obrigatório, entre as 18.00 e as 06.00, com o objetivo de travar a violência.

“Assumimos o compromisso de que isto devia ser feito em paz, com segurança de todos e os mecanismos que a lei hondurenha estabelece para o escrutínio dos votos”, disse o presidente na sexta-feira.“O meu apelo é que cumpramos o prometido”, acrescentou. Nasralla considera que a suspensão da liberdade de circulação é mais uma tentativa do governo de manipular a eleição. “Isto é uma injustiça para com o povo que está a protestar nas ruas”, escreveu no Facebook. “As pessoas que estão a fazer vandalismo não são da Aliança da Oposição, são os do governo que estão a fazer isso, são operacionais do governo para semear o pânico”, acrescentou.

As sondagens prévias ao escrutínio davam a vitória folgada ao presidente, que graças a uma decisão do Supremo Tribunal foi autorizado a recandidatar-se. Há oito anos, a tentativa do então presidente Manuel Zelaya de alterar a constituição para permitir a reeleição desencadeou um golpe de Estado.

Hernández, do Partido Nacional (direita), tinha a seu favor o facto de ter conseguido diminuir a violência no país e melhorar a economia. O seu principal adversário, a mais de 15 pontos de distância nas sondagens, era Nasralla, da Aliança da Oposição contra a Ditadura (que inclui partidos de esquerda e de centro). O ex-apresentador de televisão, apoiado por Zelaya, sempre denunciou a candidatura de Hernández como ilegal e prometia ficar atento à contagem dos votos.

Os primeiros resultados oficiais conhecidos na segunda-feira, referentes à contagem de 60% das urnas, davam uma vantagem de quase cinco pontos percentuais a Nasralla. Mas, a meio da semana, o Supremo Tribunal Eleitoral (STE) já dava Hernández à frente, por pouco mais de um ponto - os últimos dados, com 94,35% das urnas contabilizadas, davam 42,92% para Hernández e 41,42% para Nasralla. Rebentaram então os protestos, com Nasralla a pedir na quarta-feira aos seus apoiantes para saírem à rua para “defender de forma pacífica” a sua vitória e denunciar a existência de fraude eleitoral. Mas as manifestações rapidamente se tornaram violentas, com registo de confrontos entre os manifestantes e a polícia, que já terão resultado em pelo menos sete mortos, segundo os media locais. A polícia desmente. “Dizem que há mortos, mas não foram reconhecidos pelas autoridades públicas”, disse Jair Meza, porta-voz da polícia hondurenha, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

O STE tinha previsto anunciar o vencedor das eleições na sexta-feira, após a recontagem de cerca de mil urnas de voto frente aos representantes dos partidos. Isso significava que a vantagem de 46 586 votos, que tinha o presidente Hernández, ainda podia ser revertida. Contudo, a aliança que apoia Nasralla, defende a recontagem de mais de cinco mil urnas, alegando que há diferenças entre os resultados que estão a ser anunciados pelo STE e aqueles que os seus observadores estão a relatar. Por isso, não enviou representantes para a recontagem oficial, razão pela qual foi adiada a divulgação do resultado.

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