A acrescer ao brilho do evento em si - não por acaso chamado de "o concerto dos concertos" - o Concerto de Ano Novo da Filarmónica de Viena tem este ano o glamour suplementar de celebrar o jubileu dos 75 anos do evento, recordando a data de 1/1/1941: segundo concerto do género dos Wiener Philharmoniker, mas o primeiro realizado no dia de Ano Novo..A partir das 11.15 locais (10.15 em Lisboa), a Sala Dourada do Musikverein de Viena começará a ser embalada ao som de valsas, polcas e galopes dos vários membros da família Strauss que se dedicaram à composição nestes géneros de salão, bem como de vários autores seus contemporâneos, dirigidos pelo maestro Mariss Jansons..[youtube:F-qOdTZJ2sw].A transmissão televisiva é assegurada por 15 câmaras e alcança mais de 90 países em todo o mundo. Durante o intervalo, a ORF (televisão austríaca) transmite um filme de 24 minutos comemorativo dos 200 anos da integração da província de Salzburgo na Áustria. Em Portugal, a RTP 1 transmite o evento a partir das 10.30..Os compositores não-Strauss.Este ano, são quatro os autores de fora da família Strauss selecionados por Jansons, incluindo algumas estreias absolutas no quadro destes concertos: se Josef Hellmesberger Sr. (1828-93), de quem se ouve Cena de Baile, é uma inclusão recorrente, o mesmo não se pode dizer dos outros três: Robert Stolz (1880-1975), Carl Michael Ziehrer (1843-1922) e Émile Waldteufel (1837-1915). Do primeiro, ouve-se uma Marcha da ONU (peça que abre o concerto), datada de 1957 e deicada à instituição; de Ziehrer, a valsa Moças de Viena (de 1888) e do francês Waldteufel, a valsa que escreveu em 1886 sobre temas da conhecida Rapsódia para orquestra "España", de Chabrier..Como de costume, duas obras são coreografadas e dançadas por bailarinos do Ballet Estatal de Viena: a polca Ausser Rand und Band, tendo por cenário a Kaiserloge da pista de corridas de cavalos do Parque do Prater - assinalando os 250 anos da abertura ao público deste famoso espaço verde vienense; e a Valsa do Imperador, tendo por apropriado fundo o palácio e os jardins de Schönbrunn. Coreografia e figurinos são, respetivamente, do checo Jiri Bubenicek e da britânica Emma Ryott, que fazem a sua estreia neste evento..Vontade expressa do maestro foi a inclusão dos Pequenos Cantores de Viena (Wiener Sängerknaben) no programa: eles cantam a polca francesa Sängerslust, de Johann Strauss, e a polca rápida Auf Ferienreisen, de Josef Stauss, esta com uma letra escrita propositadamente para este concerto..Um maestro excecional.O letão Mariss Jansons, que perfará 73 anos duas semanas depois deste concerto, dirige pela terceira vez a Filarmónica de Viena nesta data, após 2006 e 2012. Jansons é uma das glórias da direção de orquestra das últimas décadas e é regularmente apontado em votações como sendo o mais brilhante maestro em atividade. Filarmónica de Leninegrado/S. Petersburgo (ao longo de 28 anos), Filarmónica de Oslo (durante 21 anos), Filarmónica de Londres, Sinfónica de Pittsburgh, Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão (11 anos) e Sinfónica da Rádio da Baviera (há 12 anos, sendo que o contrato, sucessivamente prolongado, já se estende até 2021!) são algumas das orquestras que já o tiveram como titular ou "convidado principal"..Mariss estudou em Viena com Hans Swarowsky e em Salzburgo com Karajan (na Rússia, trabalhara com Yevgeny Mravinsky) e dirigiu em 1992 pela primeira vez a Orquestra Filarmónica de Viena. É membro da Sociedade dos Amigos da Música, o outro nome do Musikverein de Viena..Sons de Ano Novo em Portugal.Em Portugal, são muitas as oportunidades para ouvir a contagiante música dos Strauss, mas também muitas outras, unidas sob o signo do festivo e do brilhante..Em Lisboa, a Orquestra Metropolitana faz o já tradicional Concerto de Ano Novo "ao estilo vienense", no dia 1 no CCB e, novidade: no dia 3, na Meo Arena (sempre às 17.00), sob a direção de Sebastian Perlowski. No mesmo dia 3 (16.00, TNSC), Sinfónica Portuguesa e Coro do São Carlos fazem o seu, tendo por convidada o soprano Elisabete Matos, responsável pelo programa. Este é uma celebração da opereta através de obras de Offenbach, Joh. Strauss e Lehár, além do clássico Viena, cidade dos meus sonhos, de Sieczinsky..No Algarve, a Orquestra Clássica do Sul ofereceuma dose dupla em Loulé (dia 1, às 16h e às 18h, Cineteatro) e, no dia seguinte, em Tavira (21.30). Dirige a jovem maestrina polaca Patrycja Pieczara..No Porto, a Sinfónica do Porto--Casa da Música toca no dia 2 (às 18.00, Sala Suggia) um popular programa de música de salão, mas de autores russos: é que 2016 será o Ano Rússia na Casa da Música! Dirige o britânico Martin André..Pelo centro e norte, a Filarmonia das Beiras, tendo por convidado André Sardet, faz oito "concertos de ano novo" até 10 de janeiro, passando por Aveiro (dia 1, às 18.00 e dia 5), Viseu (dia 2), S. João d Madeira, Braga (dia 7), Anadia, Oliveira de Azeméis e Oliveira do Bairro. Dirige António Vassalo Lourenço..No Funchal, a Orquestra Clássica da Madeira toca os Strauss no Teatro Baltazar Dias (dia 1, 18.00 e 21.30). Dirige Luís Andrade.