Rebeldes Huthis anunciam a morte do ex-Presidente Ali Abdallah Saleh

A rutura da aliança forjada há três anos entre os rebeldes xiitas e os apoiantes do ex-Presidente Ali Abdallah Saleh tinha sido anunciada no fim de semana
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Os rebeldes Huthis do Iémen anunciaram esta segunda-feira a morte do antigo presidente Ali Abdallah Saleh, que até ao último fim de semana tinha sido seu aliado. "O Ministério do Interior [controlado pelos rebeldes] anuncia o fim da milícia da traição e a morte do seu líder [Ali Abdallah Saleh] e de alguns dos seus elementos criminosos", anunciou a televisão dos Huthis, Al-Massirah, citando um comunicado.

No fim de semana foi anunciada a rutura da aliança forjada há três anos entre os rebeldes xiitas Huthis e os apoiantes do ex-Presidente Ali Abdallah Saleh. Após a dissolução da aliança, Saleh declarou-se disposto a abrir uma "nova página" com os sauditas, que dirigem uma coligação anti-rebelde no Iémen desde 2015. Terá sido morto durante combates na capital, Sanaa.

Ali Abdallah Saleh, de 75 anos, foi Presidente do Iémen durante 33 anos, após a unificação do norte e do sul, e teve um papel central na guerra civil em curso no país.

Considerado um moderado, Saleh apostou em alianças com países ocidentais para desenvolver o Iémen, um dos países mais pobres do mundo, designadamente com os Estados Unidos. Mas, em 2011, quando a "Primavera Árabe" avançava do Norte de África para o Médio Oriente, milhares de iemenitas juntaram-se em manifestações para pedir o fim do seu "reinado", processo que terminou, em fevereiro de 2012, com Saleh a ceder o poder a Abd Rabbo Mansur Hadi em troca de imunidade.

Em 2014, no entanto, rodeado de apoiantes descontentes com a transição, aceitou aliar-se à rebelião xiita dos huthis, formada por membros da minoria zaidita, que, considerando-se marginalizada após a insurreição de 2012, lançou uma ofensiva que a levou a conquistar a capital, Sanaa, forçando o governo de Mansur Hadi a instalar-se em Aden, segunda cidade do país.

A aliança durou três anos, até ao fim de semana passado, quando Saleh anunciou a rutura com os huthis e se declarou disposto a abrir uma "nova página" com os sauditas, que dirigem uma coligação anti-rebelde no Iémen desde 2015. A rutura desencadeou violentos combates na capital que, até hoje de manhã, tinham feito mais de 100 mortos e feridos, entre combatentes e civis.

A guerra do Iémen já causou mais de 8.650 mortos e cerca de 58.600 feridos desde 2015, segundo a ONU, que identificou no país "a pior crise humanitária do mundo".

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