A ex-presidente da associação Raríssimas Paula Brito e Costa acusou esta sexta-feira à noite, na RTP, a ex-vice-presidente da delegação da Maia de ter desviado fundos da associação e praticado irregularidades financeiras no valor de 270 mil euros..Na entrevista ao programa Sexta às Nove, da RTP, a primeira que concedeu desde que o caso foi denunciado no passado fim de semana pela TVI, Paula Brito e Costa relatou que, mal teve conhecimento da situação, a denunciou ao presidente do conselho fiscal e depois à assembleia-geral, que autorizou uma auditoria da empresa PKF à delegação do norte da associação..A auditoria, que ficou concluída em maio deste ano, descobriu irregularidades financeiras de mais de 270 mil euros na delegação do norte, que ditaram o afastamento de Joaquina Madeira da instituição.."Encontrámos muitas coisas. Encontrámos desvios de fundos, fraude fiscal, branqueamento de capitais, provavelmente fuga ao fisco, desvio de dinheiro da Raríssimas", disse Paula e Brito Costa..Segundo o relatório da auditoria, entre 2013 e 2016, Joaquina Teixeira terá desviado cerca de 131 mil euros de bolsas sociais destinadas a crianças carenciadas para o próprio filho e para familiares de colaboradores da região norte..A ex-vice-presidente terá também desviado dinheiro de peditórios no valor de cerca de 57 mil euros..A PFK suspeita que este dinheiro possa ter sido depositado em contas de familiares de Joaquina Teixeira para fazerem donativos à Raríssimas que depois lhes permitiam ter benefícios fiscais em sede de IRC..Contactada pelo Sexta às Nove, Joaquina Teixeira diz-se alvo de uma cilada, mas recusou dar uma entrevista a conselho do seu advogado..O Ministério Público confirmou que está a investigar o caso desde julho e que o processo está em Segredo de Justiça..Contraria Vieira da Silva.Questionada na entrevista sobre se houve algum político, além do agora ministro Vieira da Silva, que a tivesse ajudado tanto a tornar a Casa dos Marcos naquilo que é hoje, Paula Brito e Costa respondeu que "tanto, não"..Disse ainda que o ministro deu "um incentivo" de meio milhão de euros à instituição, que foi "público e protocolado publicamente"."Ficar-lhe-ei grata para o resto da vida", sublinhou..Esta afirmação contraria o ministro da Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, que disse não ter concedido nenhum subsídio de meio milhão de euros à associação..Sobre as razões do motivo da sua demissão, Paula Brito e Costa disse que o fez para "deixar a investigação decorrer dentro dos trâmites legais e com a seriedade" que o processo merece..Disse ainda que se demitiu pelos meninos da instituição, mas também por si, pela sua "legitimidade" e "dignidade"..Relativamente às acusações de gestão danosa que lhe são imputadas, afirmou que "a Raríssimas nunca gastou dinheiro do Estado indevidamente"..Entre as irregularidades apontadas à sua gestão, conta-se a compra de vestidos de alta costura, de bens alimentares caros e o pagamento de deslocações, apesar de ter um carro de alta gama pago pela Raríssimas..Paula Brito e Costa disse que os dois vestidos que comprou "são uma farda" que estão na Raríssimas e que os usa quando "vai à rainha" duas vezes por ano..À pergunta sobre se não tem medo de vir a ser detida, afirmou: "Uma coisa lhe garanto, por causa de umas gambas e de dois vestidos eu não vou fugir para lado nenhum"..Numa outra entrevista ao jornal Expresso, publicada hoje, Paula Brito e Costa reafirma que pediu uma auditoria externa à consultora PKF, que originou o afastamento da vice-presidente, Joaquina Teixeira, tendo sido entregue o relatório ao Ministério Público a 27 de julho deste ano..A ex-presidente da Raríssimas refere que informou o ministro da Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, dos resultados da auditoria.."Fui ter com ele, levei a auditoria e contei toda a história. Foi uma reunião longa, fez-me muitas perguntas e acabou por responder que só faltava fazer uma coisa: entregar o relatório da auditoria às autoridades competentes. Foi o que fizemos", afirmou, na entrevista ao semanário..Sobre esta denúncia, o Expresso adianta que 'os serviços de inspeção e de fiscalização da Segurança Social não foram informados pelo ministro'..Paula Brito e Costa garante que Vieira da Silva não foi pago pela Rarissímas, referindo que "não tem uma areia onde se lhe toque sobre este caso".."É uma das pessoas com a maior integridade que já vi na minha vida", defendeu..Paula Brito e Costa disse ainda que descobriu "a única fraude que existiu" na associação Raríssimas, salientando que estão envolvidos "centenas de milhares de euros"..Sobre o processo no Ministério Público, a ex-presidente refere que "ainda ninguém foi ouvido".."Pensámos em colocar o caso nos jornais em agosto, mas preferimos resguardar a Raríssimas. Eles decidiram agora jogar por antecipação e retaliaram. Uns roubam verdadeiramente e eu, que comprei uns camarões para uns diplomatas, sou crucificada na praça pública", desabafou.