Benfica salvou um ponto em mais um jogo com demasiadas falhas
Um pouco sem saber como, o Benfica salvou esta quinta-feira um ponto na deslocação a Glasgow para defrontar o Rangers, em jogo da 4.ª jornada da Liga Europa. O empate 2-2 acaba por ser um mal menor para a equipa de Jorge Jesus, que fez o primeiro remate enquadrado com a baliza aos... 78 minutos. Além disso, continua a apresentar muitos problemas na sua organização defensiva que esta época já leva 18 golos sofridos nos 13 jogos oficiais que realizou.
O ponto conquistado no Estádio Ibrox permite a encarnados e escoceses partilharem a liderança do grupo D com oito pontos, embora os britânicos tenham vantagem por terem mais golos na Luz. Ambas as equipas podem garantir o apuramento na próxima semana, bastando a ambas um empate.
Os primeiros 75 minutos do Benfica foram deprimentes. Uma equipa a jogar a passo, sem ideias, a insistir em jogar pelo meio, onde não havia espaços. O Benfica voltou a mostrar uma transição defensiva assustadoramente má, como o prova o golo sofrido logo aos sete minutos quando Grimaldo falhou o tempo de entrada à bola e depois três escoceses na área que à terceira tentativa chegaram ao golo. Helton Leite e a trave ainda negaram o golo, mas a bola sobrou para Scott Arfield, deixado sozinho no coração da área por Gabriel e Chiquinho que ficaram na meia-lua a assistir.
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O maior problema do Benfica é a incapacidade de se organizar quando perde a bola (tantas vezes que a perde) e isto acontece porque não tem médios capazes para fazer essas funções. Em Glasgow, Jorge Jesus "inventou" uma nova dupla de médios centrais e, apesar de o técnico ter dito que desta vez teve tempo para trabalhar, o que a equipa mostrou foi fraco. Gabriel era lento a iniciar o ataque e a maioria dos seus passes foram sem nexo. Chiquinho tem bons pés, é certo, mas falta-lhe muito para ser um bom "oito", nomeadamente porque lhe falta intensidade, rotação e capacidade para fazer fluir o futebol da equipa. A estas deficiências, ambos viram o cartão amarelo muito cedo...
Quando as coisas não funcionam no meio-campo, que é o coração de uma equipa, normalmente nada funciona. É assim este Benfica que chegou ao intervalo sem remates enquadrados com a baliza de McGregor... Aliás, este não foi o primeiro jogo em que isto aconteceu, o que agrava ainda mais o diagnóstico sobre a doença desta equipa de Jorge Jesus, pois quem tem atacantes como Everton, Rafa Silva e Waldschmidt tem de produzir muito mais.
Para recuperar o prestígio europeu, tão badalado por Jesus e pela estrutura benfiquista, é preciso muito mais. Por exemplo, não é admissível que esteja numa série de 20 jogos consecutivos a sofrer golos fora de casa para as provas da UEFA, nas quais os erros costumam custar caro.
Era expectável que para a segunda parte, o Benfica melhorasse pelo menos os níveis de entrega, garra e determinação, mas nada disso aconteceu. O Rangers estava confortável no jogo, entregou a bola aos encarnados porque sabia que os erros iriam aparecer e, dessa forma, poderiam matar o jogo.
Tirando um remate de Waldschmidt ao lado, pois claro, nada se viu do Benfica a não ser trocas de bola inconsequentes, sempre longe da baliza.
Até que aos 69 minutos aconteceu aquilo por que o Rangers tanto esperou. Roofe foi por ali fora no corredor central, sem ninguém a importuná-lo, e arrancou um potente remate que só parou no fundo da baliza. Estava feito o 2-0 e o jogo parecia sentenciado.
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Jorge Jesus lançou então Gonçalo Ramos para o lugar de Gilberto, que se juntou a Pizzi que já estava em campo. Aquilo que já ninguém esperava, aconteceu um pouco aos trambolhões. Num lance em que Everton ganhou de cabeça para Seferovic falhar o remate, lá apareceu Gonçalo Ramos a rematar, a bola sofreu uma carambola em McGregor e Tavernier, acabando no fundo das redes.
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Mas a passividade na defesa benfiquista podia ter voltado a custar caro, quando Morelos rematou para Helton Leite defender para a barra, num lance em que houve muita cerimónia dos encarnados. Sorte do Benfica, que ganhou alento e uma dinâmica que não se tinha visto até então. E na melhor jogada da partida, Gonçalo Ramos combinou com Rafa Silva, que serviu Pizzi empatar com um remate com o pé esquerdo.
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Repetiu-se aquilo que aconteceu no jogo da Luz, em que o Rangers esteve a vencer por dois golos e acabou por sofrer o empate. Jorge Jesus pode dar-se por satisfeito com o ponto que conseguiu salvar em Glasgow, afinal a equipa teve 75 minutos tenebrosos, acabando por conseguir levantar-se quando estava no fundo do poço.
O empate, da forma como foi conseguido, acaba por ser um bom resultado, mas não pode apagar tudo aquilo de mau que a equipa fez... e foi muito.
FICHA DO JOGO
Estádio Ibrox, em Glasgow
Árbitro: Radu Petrescu (Roménia)
Rangers - McGregor; Tavernier, Goldson, Leon Balogun, Barisic; Glen Kamara, Steven Davis, Scott Arfield; Kemar Roofe, Alfredo Morelos, Ryan Kent
Treinador: Steven Gerrard
Benfica - Helton Leite; Gilberto (Gonçalo Ramos, 70'), Jardel, Verthongen, Grimaldo; Rafa Silva, Gabriel, Chiquinho (Pizzi, 56'), Everton; Waldschmidt (Diogo Gonçalves, 56'), Seferovic (Ferro, 90'+2)
Treinador: Jorge Jesus
Cartão amarelo a Gabriel (16'), Chiquinho (41'), Kamara (80'), Vertonghen (83')
Golo: 1-0, Scott Arfield (70'); 2-0, Roofe (69'); 2-1, Tavernier (78' pb); 2-2, Pizzi (81')
FILME DO JOGO