O ex-presidente de Timor-Leste José Ramos-Horta disse hoje à Lusa que António Guterres é a melhor escolha para liderar as reformas necessárias para fortalecer a eficácia e eficiência das Nações Unidas.."O mundo precisa de melhor ONU, não necessariamente de mais ONU. António Guterres vai ter de ter força e coragem para fazer as reformas necessárias dentro da burocracia da ONU, para não ser uma máquina demasiado pesada, demasiado burocrática", disse o ex-Presidente timorense..Ramos-Horta saúda a escolha de António Guterres, na quarta-feira, como favorito para secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo Conselho de Segurança, considerando que para Timor-Leste, como para outros países "pequenos e frágeis", é necessário um "sistema multilateral forte", que é do interesse de todo o mundo.."A ONU tem estado meio à deriva, em parte por responsabilidades que cabem ao secretário-geral, mas sobretudo pelos grandes estados membros", disse.."É possível haver mudanças caso haja um secretário-geral com muita autoridade moral e sabedoria, que António Guterres tem, para unir e reunir todas essas forças divididas, os poderes divididos", considerou..António Guterres, defendeu, tem como prioridades "resgatar a ONU na sua autoridade e credibilidade e melhorar o sistema coletivo de segurança bem como a prevenção e resolução de conflitos".."Ficamos orgulhosos por ser alguém de muito nível da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa], mas o secretário-geral da ONU não vai privilegiar ninguém. Sentimos satisfação e alegria por ser alguém da lusofonia e a certeza de ser o melhor secretário-geral para esta época do mundo, para os grandes desafios de hoje que ameaçam a própria relevância das Nações Unidas", considerou..Para Ramos-Horta, é necessário que os estados membros apoiem Guterres nas reformas necessárias para "para tornar o secretariado mais eficiente e eficaz e menos dispendioso", analisando três "relatórios prioritários" que estão atualmente sobre a mesa..Em causa estão as análises sobre as operações de paz - que o próprio Ramos-Horta liderou - sobre a "arquitetura de construção de paz" e sobre "mulheres, paz e segurança", documentos "interligados e que são a essência do mandato da ONU em termos de prevenção e resolução de conflitos e proteção de civis", entre outros aspetos.."Terá de montar uma equipa na ONU para implementar as reformas e terá de saber fazer o equilíbrio entre fazer as reformas necessárias no secretariado mas não ficar manietado e enterrado na burocracia da ONU", considerou.."O secretário-geral é o diplomata número 1 do mundo e tem de estar no terreno. Vai ter de fazer equilíbrio entre gerir a ONU, com uma máquina eficaz sob o seu comando, mas não desperdiçando o terreno e o trabalho de campo", explicou..Guterres foi indicado na quarta-feira como favorito para secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo Conselho de Segurança à Assembleia-geral, que deverá aprovar o seu nome dentro de alguns dias..O Conselho de Segurança anunciou que o português é o "vencedor claro" da votação, recebendo 13 votos de encorajamento e duas abstenções, uma das quais de um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança com direito de veto..Este órgão, com poder de veto, deverá aprovar hoje uma votação formal a indicar o nome de António Guterres para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, formalizando assim a eleição do sucessor de Ban Ki-moon..Ramos-Horta disse que nunca partilhou dos receios de que a candidatura do ex-alto comissário dos refugiados poderia ser descarrilada pela candidatura tardia da búlgara Kristalina Georgieva, "porque a Rússia nunca iria permitir que a UE pregasse uma partida" a Moscovo.