O ex-Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, considerou a condenação esta quinta-feira do casal português Tiago e Fong Fong Guerra a uma pena de oito anos de prisão, um dia "muito triste" para a justiça de Timor-Leste.."É um dia muito triste para a justiça em Timor-Leste. Ainda acredito que o Tribunal de Recurso vai repor a justiça", afirmou José Ramos-Horta numa mensagem enviada à Lusa..O ex-chefe de Estado - que acompanhou pessoalmente várias das sessões do julgamento no Tribunal de Díli - já no passado recente se tinha pronunciado sobre o caso, que tem sido acompanhado de perto pela diplomacia internacional, incluindo a portuguesa..Numa comentário na rede social Facebook, na semana passada José Ramos-Horta tinha considerado que a família Guerra - que está há quase três anos impedida de sair de Timor-Leste - já tinha sofrido demasiado por este caso.."Os meritíssimos Juízes do Tribunal Distrital de Díli fariam justiça na total dimensão da Justiça se declararem o casal Guerra inocente. Fica aqui o meu apelo como um dos Fundadores deste País e que sempre sonhou que no Timor-Leste livre nós seriamos uma sociedade solidária e generosa, onde prevalece uma Justiça verdadeira justa e não cega e cruel", escreveu..Um coletivo de juízes do Tribunal Distrital de Díli condenou hoje o casal de portugueses Tiago e Fong Fong Guerra a oito anos de prisão efetiva e uma indemnização de 859 mil dólares por peculato..Depois de vários atrasos e adiamentos a juíza Jacinta Costa, que preside ao coletivo de juízes que ouviu o caso, leu o acórdão durante uma audiência que decorreu hoje, com duas interrupções, na sala principal do tribunal de primeira instância em Díli..O tribunal declarou os dois arguidos coautores do crime de peculato absolvendo-os pelos crimes de branqueamento de capitais e falsificação documental de que eram igualmente acusados.."Os arguidos prejudicaram as finanças e a economia do estado, e defraudaram o estado de Timor. Atuaram de forma livre, deliberado e consciente, sabendo que as suas condutas não eram permitidas por lei e que eram criminalmente puníveis", disse a juíza que esteve durante mais de quatro horas a ler o acórdão da acusação..O Ministério Público tinha pedido uma pena de prisão de oito anos pelos crimes e a defesa tinha pedido absolvição..A defesa já recorreu da decisão considerando que o acórdão está "repleto de contradições".