Com a possibilidade de um referendo sobre a independência catalã em mente, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, anunciou ontem em Barcelona o investimento de 4,2 mil milhões de euros na Catalunha até 2020, na sua maioria em estradas e no setor ferroviário, afirmando que esta injeção de verbas chega "agora porque podemos fazê-lo" e pediu ajuda para ganhar "a batalha da moderação", referindo-se ao processo independentista..A Generalitat não deu grande importância a este anúncio de Rajoy, lembrando que em 2015 já havia sido prometida uma verba semelhante, mas que a execução ficou muito aquém..Numa entrevista dada ao La Vanguardia, Rajoy afirmou que a Catalunha "não é um problema", mas que existem "determinados dirigentes políticos que querem criar um problema que não existe transgredindo um princípio básico em democracia que é o cumprimento da lei"..O primeiro-ministro garantiu que leva "muito a sério as exigências dos catalães", e disse estar "absolutamente convencido" de que esta história vai acabar bem, mas deixou claro que "quer que continuemos a viver juntos, como temos feito sempre, como aconselham todos os laços humanos, económicos e afetivos que nos unem"..Senado convida Puigdemont.Na sua primeira visita aos Estados Unidos desde que assumiu a presidência da Generalitat, Carles Puigdemont defendeu ontem na Universidade de Harvard a realização de um referendo vinculativo sobre a independência da Catalunha, numa altura em que faltam seis meses para o final do prazo estabelecido pela sua coligação - a Junts pel Sí - para que este se realize.."Acreditamos que a melhor maneira de questionar as pessoas é através das urnas. Nós, como vocês, também acreditamos que a democracia se baseia na vontade do povo", afirmou o líder do governo catalão. E garantiu que manterá "até ao último dia" a sua vontade de acordar com o governo de Madrid a realização do referendo, mas sublinhou que, se tal não for possível, este avançará na mesma..Puigdemont descreveu ainda Espanha como um país atrasado e coercivo que tem abafado as aspirações políticas, económicas e sociais da Catalunha. E comparou a democracia espanhola à Turquia de Erdogan, pois "autoriza o Exército a atuar contra os seus próprios cidadãos"..O presidente da Catalunha, falando da Comissão de Veneza (órgão consultivo sobre questões constitucionais do Conselho da Europa), afirmou ainda que existem especialistas que afirmam que a Espanha segue o modelo de países como Albânia, Arménia, Moldávia e Ucrânia "e não cumpre a Carta Europeia dos Direitos Humanos"..Enquanto o catalão discursava em Harvard, em Madrid, PP e PSOE acordaram oferecer a Puigdemont a possibilidade de debater na Senado a sua proposta de referendo independentista para a Catalunha. Uma discussão que teria lugar na Comissão Geral de Comunidades Autónomas da Câmara Alta..No entanto, o partido de Rajoy mostrou ser contra o catalão dar uma conferência no dia 24 de abril na sala principal do Senado, como Puigdemont havia pedido na semana passada. Pois se o fizessem "pareceria que a instituição o apoiava", declarou Pedro Sanz, porta-voz do PP e vice-presidente do Senado.."Não há vontade de nos ouvirem no Senado", disse a porta-voz do governo catalão, deixando para mais tarde a resposta da Generalitat sobre a oferta de intervir na Comissão das Comunidades Autónomas.