Rajoy: "Não me arrependo de não ter ido ao debate"

Primeiro-ministro fez-se representar pela número dois do governo, num embate a quatro que foi ganho por Pablo Iglesias
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O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, não estava interessado num debate a quatro, em que teria de partilhar o cenário com os dirigentes dos partidos emergentes que ameaçam o bipartidarismo em Espanha. E enviou a número dois do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, para o representar no embate nas estações de televisão La Sexta e Antena 3. "Não me arrependo de não ter ido ao debate. Podia ter ganho ou podia não ter ganho", disse ontem aos jornalistas, destacando que o importante é o frente-a-frente que terá na próxima segunda-feira com o secretário-geral socialista, Pedro Sánchez.

"Conhece muito bem os temas. Tem-nos bem estudados e isso refletiu-se. Na política é bom não confiar nunca e preparar bem as coisas. Creio que ela o fez", disse Rajoy em relação à prestação da vice-primeira-ministra no debate que foi o programa mais visto do ano (9,2 milhões de espectadores e 48% de share) e que gerou 2,5 milhões de mensagens no Twitter . "Cada um fez o que pôde", acrescentou, referindo-se aos rivais nas eleições legislativas do dia 20 de dezembro.

[citacao:O debate de segunda-feira à noite foi visto por 9,2 milhões de telespectadores]

Nas sondagens online feitas pelos jornais espanhóis, os internautas não duvidaram e deram a vitória ao líder do Podemos, Pablo Iglesias. Apesar de alguns erros caricatos - quando falava em corrupção e na passagem dos políticos para os conselhos de administração das empresas chamou House Water Watch Cooper à Price Waterhouse Coopers -, foi nos ataques ao socialista Pedro Sánchez e no minuto de ouro final que Iglesias se destacou.

Em relação a Sánchez, o líder do Podemos acusou-o de não ser capaz de renovar o partido socialista e de dizer uma coisa em campanha e fazer outra. "Tenho a impressão de que mandas pouco, que no teu partido mandam outros", lançou. O líder do PSOE acabou por passar mais tempo a defender-se do que a apresentar as propostas do partido.

Mas foi no minuto final do debate, no qual se dirigia diretamente para os telespectadores em casa, que Iglesias ganhou pontos. "Só quero pedir duas coisas. A primeira é que não esqueçam", afirmou, enumerando depois os despejos, os escândalos de corrupção Púnica ou Gürtel. "Não esqueçam as filas na saúde, não esqueçam os cortes na educação", indicou. "A segunda coisa que vou pedir é que sorriam", acrescentou, falando depois dos "vizinhos que paravam os despejos", dos "trabalhadores precários e pequenos empresários", dos "que se levantam à seis da manhã para trabalhar e dos que se levantam às seis da manhã e não têm onde ir trabalhar". E concluiu: "Sorriam, sorriam porque podemos sorrir."

Albert Rivera, do Ciudadanos, partido que surge nas sondagens empatado com o PSOE, esteve mais contido do que o normal. Começou nervoso, não parava de mexer as mãos e de andar no cenário, e não conseguiu o seu principal objetivo: polarizar o debate entre ele e Santamaría. Mas atacou a vice-primeira-ministra no tema da Catalunha. "Eu sou catalão, sei do que falo", lançou.

"Os novos políticos são máquinas televisivas. Ontem [na segunda-feira] voltaram a demonstrá-lo no espetáculo de debate organizado pela Atresmedia", escreveu Lucía Méndez, do El Mundo. "O primeiro-ministro tem motivos para estar satisfeito. Livrou-se da imagem rodeado de rapazes e a sua enviada cumpriu bem a obrigação de falar em nome de outra pessoa", indicou.

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