RAFAEL BENÍTEZ:Por fim estamos aqui a lutar pelo troféu

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Por fim chegámos. O que todos sonhavam, esperavam e desejavam e em que todo o mundo confiava, embora talvez poucos de facto acreditassem, tornou-se realidade. Quase que lhe podemos tocar, só faltam algumas horas e a história contempla-nos. Espanha está na final, graças ao trabalho e ao bem-fazer dos seus jogadores, mas também dos seus técnicos. Recordo agora que com a derrota frente à Suíça no início do Mundial se levantaram vozes críticas e até Del Bosque começou a ser questionado.

Nesse momento surgiu, oportuno e cabal, Fernando Hierro a defender o seleccionador. Quase sem o querer fazer, porque na verdade não era necessário. Mas deixando claro que Del Bosque e o restante corpo técnico tinham ganho a pulso a confiança de todos, à base de êxitos, de bem jogar e de resultados. Aos treinadores, sabe bem recordar este tipo de detalhes. A velocidade com que mudam algumas pessoas e alguns meios de opinião. É bom que existam profissionais como Fernando Hierro, que nas alturas-chave mantenham a calma e a confiança num trabalho bem feito. Isso também é um activo da nossa selecção. Outro apontamento significativo chegados a este ponto. Puyol comentou que sugeriu a Del Bosque a jogada do golo (frente à Alemanha). Isto para mim significa que, por um lado, Guardiola e Puyol fazem bem o seu trabalho e, por outro, que Del Bosque é um tipo inteligente sempre aberto a qualquer coisa que possa beneficiar a sua equipa, por mínima que possa ser, o que até não é o caso. Ambas as coisas são muito positivas e a ter em conta.

Outro aspecto positivo que está agregado ao facto de Espanha estar na final é a forma como o conseguiu. No geral, e salvo algumas excepções, conseguiu-o a jogar bem, com um estilo de jogo que se manteve sempre que foi possível e com grandes doses de auto-estima e autoconfiança. Com um grupo de jogadores que segue a rota que marcou Aragonés e que também foi mantida por Del Bosque. E esses têm de ser, forçosamente, argumentos compatíveis e complementares. O resto são enredos. Uma menção à parte para o árbitro da final, Howard M. Webb. Um dos melhores juízes ingleses, apesar de não ter tido uma grande época. Tem personalidade, sabe o que faz e esperemos que o mostre para bem do jogo. Quanto a quem vai jogar ou não, escrevi no meu anterior texto que achava que Torres ia jogar, mas não foi assim. Afortunadamente, Pedro fez um grande jogo e contribuiu de forma importante para o triunfo. Isso abre novamente o debate sobre o onze titular, ainda que, sinceramente, insista mais uma vez que não importa quem joga, pois seja quem for irá fazê-lo bem.

Villa foi um perigo para os centrais alemães no centro do ataque, assim como Pedro o foi nos flancos. Mas não esqueçamos que o factor desequilibrador desta equipa está nos baixinhos do meio-campo. A defesa e o guarda-redes estão a ter bons desempenhos, mas os que marcam a diferença, os que esgotam os adversários que perseguem a bola sem a alcançar, são os centro-campistas com a sua qualidade e mobilidade. E não nos esqueçamos que a maioria dos jogadores chegam ao Mundial cansados. Pelo menos a maior parte dos futebolistas que jogam nas grandes ligas. Isto faz com que a posse de bola seja determinante para uma equipa se impor. É o que Espanha tem feito.

Espanha é favorita nas apostas. Mas, seja qual for o resultado, já é um êxito estar aqui, por nunca foi conseguido e por tudo o que comentei antes. Porque Espanha tem uma ideia de jogo baseada na qualidade dos seus jogadores e levou-a até à final. Espero que com sucesso. Sorte e acerto, a história aguarda-vos.

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