NOTA O treinador espanhol Rafael Benítez, que vai substituir José Mourinho no Inter, escreveu em exclusivo para o DN e El Mundo durante o Mundial.. P or fim a Espanha acorda hoje como campeã do mundo. E fá-lo com todo o merecimento com todo o brilhantismo e com toda a justiça. Agora, em plena euforia, podemos dizê-lo muito alto. Valeu a pena esperar tanto pelo significado desta gesta. A vitória de ontem à noite, ante a Holanda, com o golo de Iniesta na recta final do prolongamento, faz-nos esquecer tantas decepções, tantos amargos de boca, tantas más recordações... O bloco de Del Bosque foi superior a um conjunto holandês bem colocado e com as ideias muito claras, mas isso mais não faz que acrescentar valor ao triunfo espanhol..A primeira parte acabou sem golos, como reflexo das cautelas evidenciadas em várias ocasiões. No início do duelo, ambas revelaram esquemas quase idênticos e nenhumas surpresas no que respeita a substituições. O guião correspondia ao esperado, com Espanha a deter a bola e a pressionar uma Holanda sempre com a ideia de sair rápida para o contra-ataque. À semelhança do que tentaram Chile e Paraguai, os holandeses tiveram assomo para, em alguns momentos, recorrerem a uma pressão mais alta dificultando a circulação espanhola da bola..A Espanha, tentando jogar entre linhas com Pedro, Iniesta e inclusive Villa, aproveitando o buraco que deixava Xavi ao arrastar o jogador que o marcava, e deixando sempre todo o espaço a Sergio Ramos para que explorasse a ala, tinha mais tempo de posse de bola, mas sem repercussão no marcador. O seu adversário, por seu lado, sem posse de bola e sempre à defesa, recorreu algumas vezes ao jogo duro para tentar parar os espanhóis..Depois do intervalo, a Holanda continuou com o seu estilo agressivo, que dificultava muito a capacidade de manobra da Espanha e Vicente del Bosque viu- -se obrigado a procurar novas formas de chegar à baliza rival, fazendo entrar Navas para superar o opositor Gio, algo que em seguida daria resultado. No entanto, as ocasiões de golo mais claras teve-as a equipa laranja, que insistia em jogar no contra-ataque e era muito mais perigosa com as entradas de Robben pelo meio. Perto do minuto 90, entrou Cesc para o lugar de Alonso, já a pensar no prolongamento e na necessidade de um jogador mais fresco..O tempo suplementar correu ao ritmo do 0-0. Com o cansaço, chegaram os erros e as ocasiões falhadas, como a do "10" espanhol. Começaram a ver-se mais espaços vazios, o que implicava mais possibilidades de passes perigosos. A troca de Villa por Fernando Torres, a expulsão de Heitinga, o obrigatório reajuste defensivo e o golo de Iniesta, que valeu um Mundial, vieram em continuado para levar toda a Espanha ao êxtase, com mais algumas doses de emoção..No final, uma curiosidade, o homem do jogo, Andrés Iniesta, lançou mais uma carta determinante e marcou o mais decisivo golo de toda a história do futebol espanhol. .Como o disse, valeu a pena esperar tanto, por ti, Vicente, e por toda a tua equipa de jogadores, técnicos e auxiliares.