"Quero ir ao Brasil levar as cartas dos portugueses aos atletas olímpicos"
Lembra-se da primeira vez que entrou na água?
Sim. Foi em Londres, quando o meu pai (João Paulo Diniz, ex-jornalista da BBC) me levou a visitar Greenwich, onde estava atracado o navio Cutty Sark, mas os meus olhos ficaram logo pregados num pequeno veleiro. Era de Sir Francis Chichester, que tinha efetuado duas voltas ao mundo à vela, sempre em solitário. Tinha 8 anos e foi o momento em que decidi o que fazer da vida, virei-me para o meu pai e disse "um dia também vou dar a volta ao mundo à vela".
As suas viagens têm sempre um lado muito patriota...
Há 20 anos (faz em outubro) que desenvolvo projetos para comunicar ao mundo o que é o meu país. Saí muito cedo de Portugal, com 5 anos, para ir viver com o meu pai para Londres, e senti muita falta da praia, da comida... Criei um sentimento muito forte com o meu país e arranjo sempre algo nosso para levar nas minhas expedições. O barco é revestido a cortiça e foi restaurado com mão-de-obra portuguesa. Levei uma garrafa de vinho do Porto com 80 anos, embrulhada em cortiça portuguesa, à rainha de Inglaterra, quando fez 80 anos...
E qual é a próxima expedição?
Ao Brasil ainda este ano. Vou repetir a viagem que fiz em 2014, para apoiar a seleção nacional de futebol. Desta vez a expedição é para louvar os atletas olímpicos e paralímpicos. Quero que Portugal conheça os heróis que ainda não conhece e que os portugueses lhes escrevam cartas para eu as levar ao Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos 2016. Ler uma carta de um português durante os Jogos pode dar força e ser muito inspirador para eles. É isso que eu quero, quero ir ao Brasil levar as cartas dos portugueses aos atletas olímpicos e paralímpicos. Vai ser criado um apartado especial nos CTT para o poderem fazer.
Como surgiu a ideia?
Em 2014 estava na quinta sem televisão e a ouvir o relato do Suécia-Portugal, do playoff de acesso ao Mundial 2014, e no início aquilo estava complicado e eu já estava a ver a depressão futebolística que ia ser se a seleção não fosse ao Mundial. Estava a viver e a sofrer aquilo e saiu-me "nem que eu vá à vela sozinho ao Brasil, vocês ganhem isso". Senti um calor enorme quando ouvi o CR7 marcar. E foi assim que nasceu essa expedição, que me emocionou muito, de levar e entregar a garrafa com as mensagens dos portugueses à seleção. Agora pensei, se eu fui dar apoio à seleção de futebol, como é óbvio, tenho de ir lá dar força aos atletas olímpicos! E assim nasceu mais uma expedição, que além de apoiar os atletas olímpicos terá uma vertente empresarial. Queremos atrair empresas do Brasil para, assim, investirem em Portugal.