"Queres que te mate ou que te viole?" Relatos dramáticos da guerra na Etiópia

Guerra na Etiópia tem ficado marcada por onda de violações. ONU já veio apelar para o fim das agressões sexuais
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A Guerra na Etiópia tem ficado marcada por uma onda de violações e outras agressões sexuais. Segundo a Reuters, cinco trabalhadores de grupos humanitários etíopes e internacionais dizem ter recebido vários relatos de abusos na região de Tigray, e as Nações Unidas já vieram apelar esta semana para o fim das agressões sexuais.

Entre o "número alto" de queixas, há relatórios particularmente perturbadores de pessoas que têm sido forçadas a ver a violação de familiares ou a fazer sexo em troca de alimentos, disse o Gabinete do Representantes Especial da ONU sobre Violência Sexual em Conflitos em comunicado emitido esta quinta-feira.

A Reuters conta a história angustiante de uma jovem vendedora de café que foi separada da família e dos amigos no rio Tekeze por um soldado etíope. "Ele disse: queres que te mate ou que te viole?", narrou a mulher de 25 anos no campo de refugiados de Hamdayet, no Sudão, para onde fugiu.

O médico que a tratou quando a jovem chegou ao acampamento em dezembro, Tewadrous Tefera Limeuh, confirmou à Reuters que forneceu pílulas para impedir a gravidez e doenças sexualmente transmissíveis e encaminhou-a para um psicoterapeuta.

"O soldado utilizou uma arma para a forçar e violou-a", disse Limeuh. "Ela perguntou se ele tinha preservativo e ele disse: 'porque é que eu precisaria de preservativo?".

O governo e os militares do primeiro-ministro Abiy Ahmed não responderam às perguntas da agência sobre as denúncias de agressões sexuais, mas as autoridades etíopes já negaram os abusos, apontando o dedo à Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF).

A mulher de 25 anos que falou com a Reuters disse que o seu agressor utilizava um uniforme do Exército federal da Etiópia. No entanto, os cinco trabalhadores humanitários disseram que outras mulheres descreveram os seus alegados agressores como sendo combatentes da milícia da região de Amhara, na Etiópia, ou soldados da Eritreia, ambos aliados das tropas de Abiy.

"Apelo a todas as partes envolvidas nas hostilidades na região de Tigray a comprometerem-se com uma política de tolerância zero para crimes de violência sexual", suplicou a representante especial da ONU, Geraldine Boezio, em comunicado.

Um trabalhador humanitário na cidade Wukro disse que as vítimas contaram que um marido foi forçado a ajoelhar-se e a assistir à violação da sua mulher por parte de soldados que alegadamente seriam eritreus.

Um médico em Adigrat disse que seis mulheres foram violadas por um grupo soldados, que lhes disseram para não procurar ajuda.

Por outro lado, segundo um profissional de saúde, em Mekelle um homem foi espancado depois de implorar aos soldados que parassem de violar uma jovem de 19 anos.

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