"Queremos [invadir a Ucrânia]? Claro que não", diz Putin
"Queremos isto ou não? Claro que não. É exatamente por isso que apresentamos propostas para um processo de negociações", disse Vladimir Putin sobre uma hipotética invasão à Ucrânia numa conferência de imprensa após conversações com o chanceler alemão Olaf Scholz, em Moscovo.
Contudo, disse o líder russo, "não pode fechar os olhos" à forma como Washington e a NATO "interpretam livremente" o princípio da segurança indivisível - que nenhum país deve reforçar a sua segurança à custa de outros.
Ainda assim, o presidente russo afirmou estar pronto para continuar a trabalhar com o Ocidente em questões de segurança para desanuviar as tensões sobre a Ucrânia. "Estamos prontos para continuar a trabalhar em conjunto. Estamos prontos para seguir o caminho das negociações", declarou.
A reunião de Scholz com Putin realizou-se um dia depois de o alemão ter viajado para Kiev para demonstrar apoio à Ucrânia, o que fez durante as conversações com o presidente Volodymyr Zelensky.
O chanceler alemão, que na véspera se mostrou estranheza pelo facto de Moscovo estar a "tornar algo [admissão da Ucrânia na NATO] que nem sequer está na ordem do dia num problema", disse hoje que a Rússia é um ator crucial na manutenção da segurança na Europa, após conversações com Putin. "Para os europeus é evidente que não se pode alcançar uma segurança duradoura contra a Rússia, mas apenas com a Rússia".
O objetivo dos esforços diplomáticos em curso para tentar resolver a crise sobre a Ucrânia é "alcançar um acordo político sem que ninguém tenha de abandonar os seus princípios no processo", disse o chefe do Governo alemão no final do encontro de cerca de três horas.
"Concordo que a diplomacia está longe de estar esgotada. Devemos agora trabalhar resoluta e corajosamente numa solução pacífica para esta crise", afirmou o líder alemão, citado pelas agências noticiosas internacionais.
No início da terça-feira, o Kremlin confirmou a retirada de algumas forças das fronteiras da Ucrânia, mas disse que a mudança estava planeada e salientou que a Rússia continuaria a deslocar tropas através do país como bem entendesse.
Scholz admitiu que o anúncio da retirada de algumas das tropas russas da fronteira ucraniana é um "bom sinal", que deve ter seguimento. "Estamos talvez a enfrentar a crise mais difícil e ameaçadora da Europa desde há muito tempo", disse.
Para a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, o anúncio deve ser acompanhado de "ações", afirmou em Madrid, ao lado do homólogo José Manuel Albares. "Qualquer passo verdadeiro de desescalada seria um momento de esperança. Mas até agora só há anúncios e precisamos de factos", disse Annalena Baerbock.
atualizado às 16.45