Quercus apela à redução do ruído dos veículos
A associação ambientalista diz que o Parlamento Europeu decidiu, na quarta-feira, "rever em baixa a proposta da Comissão Europeia que limita os níveis de emissão de ruído dos veículos rodoviários", no que considera ser "uma cedência dos parlamentares aos interesses da indústria automóvel".
A decisão sobre a proposta de regulamento, "que pode beneficiar a saúde de milhões de cidadãos nas cidades europeias, está agora nas mãos dos ministros do Ambiente" da União Europeia (UE).
Por isso, em comunicado, a Quercus apela a Assunção Cristas para que defenda a proposta da Comissão Europeia no próximo Conselho Europeu, que vai decorrer a 21 de março, em Bruxelas.
Os ambientalistas lamentam que, "dos 14 eurodeputados portugueses presentes na votação, seis eleitos pelo PSD e um eleito pelo PS tenham escolhido votar a favor dos interesses dos fabricantes de veículos desportivos, como a Porsche, ao invés de se colocarem ao lado da Comissão Europeia na defesa da saúde pública e da proteção do ambiente".
Segundo Francisco Ferreira, da Quercus, citado no comunicado, "ao contrário dos deputados do Parlamento Europeu, os ministros do Ambiente não devem ignorar as evidências científicas acerca dos impactes do ruído, sobretudo causado pelo tráfego rodoviário, na saúde pública".
Se a posição do Parlamento Europeu não for corrigida pelo Conselho Europeu, "serão os contribuintes europeus, e também os portugueses, a pagar pelo apoio dos deputados aos interesses da indústria automóvel", acrescentou.
O ruído é um problema ambiental com "grande relevância" para Portugal, sobretudo nas cidades, e as medições realizadas pela Quercus em pontos críticos de Lisboa refletiram níveis acima dos valores de referência para a proteção para a saúde humana apontados pela Organização Mundial de Saúde.
Para alguns tipos de veículos, como automóveis desportivos e camiões, o voto do Parlamento Europeu vai no sentido de permitir que os novos veículos sejam mais ruidosos, com limites menos exigentes do que aqueles aplicados há 20 anos atrás, alerta a Quercus.
O voto no Parlamento surge depois de a Organização Mundial da Saúde ter considerado o ruído rodoviário como um fator de grave risco para a saúde pública, o que levou a Comissão Europeia a propôr legislação que permitiria reduzir em quatro decibéis os níveis nas estradas europeias, equivalendo a diminuir o tráfego para metade.