Quem são os homens na sombra de Vladimir Putin?

É um grupo restrito de políticos, economistas, ex-elementos dos serviços de segurança e informações.
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Alguns colaboraram com Putin na época do KGB e do seu sucessor - o FSB. Por eles passa o essencial das decisões que têm moldado o país desde que, em 2000, Putin chegou ao poder. Na quinta-feira, o presidente russo aprovou a nova estratégia de segurança nacional, que mantém a NATO como uma das principais ameaças.

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Um colaborador de confiança e longa data

Dmitri Medvedev

(Primeiro-ministro)

A ligação a Vladimir Putin tem mais de duas décadas, iniciando-se no início dos anos 1990 quando ambos trabalharam na Câmara de São Petersburgo (então Leninegrado). Quando Putin foi eleito presidente em 2000, colocou Dmitri Medvedev como dirigente da Gazprom, que irá tendo sucessivas posições de importância até ser apontado, em 2007, por Putin para lhe suceder no Kremlin. Eleito em 2008, numa campanha em que Putin foi presença constante, os dois vão partilhar o poder nos quatro anos seguintes de uma forma em que a posição do presidente se viu comprometida pelo novo primeiro-ministro: Putin. Quando este volta ao Kremlin em 2012, Medvedev volta também ao cargo de primeiro-ministro. Existe uma evidente relação de confiança entre os dois, que será testada de novo em 2024, quando Putin completa o segundo mandato consecutivo de seis anos e tem, uma vez mais, de designar um sucessor. Tudo indica que será Medvedev. A não ser que Putin ceda à tentação de mudar a Constituição.

Um conservador fluente em português

Igor Sechin

(Presidente da Rosneft)

A relação de Igor Sechin, dirigente da mais importante petrolífera russa, com Putin nasceu em São Petersburgo nos anos 1990. Desde então, aquele que é considerado um dos chefes de fila da corrente conservadora no Kremlin e fluente em português (com uma passagem por Moçambique nos anos 1980) tem estado ao lado de Putin, atuando como um "operacional" em diversas situações que contribuíram para reforçar o poder presidencial e seu controlo sobre as alavancas da economia russa. O anterior proprietário da petrolífera Yukos, Mikhail Khodorkovsky e adversário de Putin, acusou-o de orquestrar o processo que culminou na aquisição da Yukos pela Rosneft, privando Khodorkovsky de boa parte da base financeira para enfrentar o Kremlin.

O homem das informações e segurança

Nikolai Patrushev

(Sec. Cons. de Seg. da Rússia)

Foi diretor do FSB (que sucedeu ao KGB) entre 1999 e 2008. Dirige o órgão consultivo do presidente para questões de segurança nacional. Nasceu em São Petersburgo, onde iniciou a ligação ao KGB em 1975. Toda a sua carreira foi feita nos serviços de segurança da ex-URSS e da Rússia. Coube-lhe suceder, em 1999, a Putin à frente do FSB. Foi precisamente no âmbito do FSB que conheceu o atual presidente. Publica com frequência artigos nos media russos e internacionais onde critica os Estados Unidos. Em fevereiro de 2015, considerou Washington responsável pelo conflito na Ucrânia. Uma das frases mais citadas é a de que os EUA "pensam que Moscovo tem demasiado território sob seu controlo (...) com tal quantidade de recursos naturais, que consideram esta situação injusta e algo devia ser feito para conceder acesso livre" desses recursos a "outros Estados".

O número dois do Kremlin

Sergei Ivanov

(Chefe da Adm. Presidencial)

É um dos colaboradores mais próximos de Vladimir Putin, que conheceu ainda na época do KGB. A sua amizade estende-se ao longo de mais de quatro décadas, tendo sido escolhido para adjunto de Putin quando este assumiu a chefia do FSB, em 1998. É a figura mais importante do Kremlin, sendo, de algum modo, o número dois da presidência russa. É responsável pela agenda do presidente, detendo competências políticas próprias e serve de intermediário entre o poder executivo e os diferentes níveis de governo da Federação. Exerce o cargo de chefe da administração presidencial desde 2011.

Um economista... quase liberal

Alexei Kudrin

(Ex-ministro das Finanças)

Foi colaborador de Putin nos dois primeiros mandatos do presidente e durante parte da época em que este foi primeiro-ministro. Afastou-se em 2011 em choque com Medvedev. O seu desempenho como responsável das Finanças mereceu elogios internos e externos. Esteve em São Petersburgo na época em que Putin aí se encontrava. Ainda que longe do Kremlin, continua a ser ouvido por Putin, ao qual recomendou, recentemente, a antecipação das presidenciais de 2018 para lhe permitir escolher nova equipa e reforçar a sua legitimidade.

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