Quem são as figuras que vão ajudar Montenegro a tentar reerguer o PSD?
Luís Montenegro foi eleito no sábado líder do PSD por uma margem esmagadora de 72,5%. Mas no trajeto para a sua vitória - que começou a desenhar-se quando pôs em causa a liderança do Rui Rio, logo em 2020 - contou com o apoio de "companheiros" de partido que certamente serão figuras chave na direção que irá escolher e nos vários órgãos do PSD. A começar por aquele que é visto como o seu braço-direito, Hugo Soares. Este bracarense, de 39 anos, que liderou a JSD e lhe sucedeu na liderança da bancada parlamentar em 2017, é uma das figuras mais próximas do líder eleito do PSD. Esteve sempre do seu lado nas guerras internas contra a direção de Rio.
Ao DN, Hugo Soares garante que há dois grandes desafios que se colocam a Luís Montenegro e que foram os que tornou claros durante a campanha interna, numa corrida em que Jorge Moreira da Silva saiu derrotado. Primeiro o da "união do partido" que, diz o antigo líder parlamentar social-democrata, está facilitada pelo resultado obtido por Montenegro.
"Nos últimos atos eleitorais internos, o partido ficava dividido, em 50 e tal por cento para o candidato que ganhava e 40 e tal para o que perdia. Agora foi um resultado esmagador, o que mostra que o partido está unido em torno do líder". A isto, Hugo Soares soma as declarações do próprio líder eleito quando disse querer "gerar essas pontes internas".
Hugo Soares terá, certamente, um papel importante a jogar naquele que elege como o segundo desafio da liderança de Montenegro: "É o mais difícil, o de colocar o PSD a fazer oposição firme, determinada e alternativa ao PS".
O antigo eurodeputado do PSD Carlos Coelho, que foi escolhido para diretor da campanha, também assume protagonismo na nova era PSD. O sucesso da volta pelo país, patente na votação "expressiva" em Montenegro, também é mérito seu. Carlos Coelho tinha sido relegado para um segundo plano quando nas europeias de 2019 Rui Rio decidiu colocá-lo em lugar não elegível nas listas do PSD para o Parlamento Europeu. O que foi considerado internamente uma "injustiça", já que tinha sido um dos eurodeputados sociais-democratas mais ativos ao longo dos anos, sendo que também é o diretor da Universidade de Verão do PSD, que marcou nos últimos anos a rentrée política do partido.
Das figuras que estiveram ao lado de Rui Rio há uma que foi resgatada por Montenegro e com a responsabilidade de coordenar a sua moção de estratégia. Precisamente Joaquim Sarmento, membro da Comissão Política do partido e coordenador do Conselho Estratégico Nacional. Sarmento, agora deputado, já tinha sido o coautor do programa económico e financeiro do PSD e mandatário nacional de Rui Rio nas legislativas de 2019. É uma figura que será certamente central na rearrumação do partido, que será feita no congresso de legitimação da nova liderança a 1, 2 e 3 de julho, no Porto.
Mas se pelos cargos na campanha estes foram os rostos mais visíveis, há outros apoiantes de primeira linha com os quais Montenegro conta. Pedro Duarte, antigo líder da JSD e fundador do movimento cívico Manifesto X, e que foi várias vezes falado como potencial candidato à liderança do partido, é um deles.
Mas também os líderes de duas das maiores distritais do PSD, Pedro Alves (Viseu) e Paulo Cunha (Braga), serão peças importantes nesta nova era montenegrista. Pedro Alves apoiou Rui Rio quando avançou pela primeira vez para a candidatura à liderança do partido, mas distanciou-se logo a seguir e esteve ao lado de Montenegro quando este entrou na corrida em 2020, tendo sido seu diretor de campanha. Paulo Cunha, que esteve equidistante na disputa entre Rio e Rangel, deu agora claro apoio a Montenegro. Tal como tinha feito em 2020, tendo mesmo encabeçado a lista ao Conselho Nacional afeta ao agora líder eleito do PSD.
Fontes sociais-democratas acrescentam ainda outros nomes a este núcleo duro: o antigo deputado e secretário de Estado da Administração Interna, António Leitão Amaro, que foi coordenador da moção de estratégia em 2020, terá um papel a desempenhar no PSD sob a batuta de Montenegro, o que acontecerá também com a sua constante apoiante Margarida Balseiro Lopes, ex-líder da JSD e ex-deputada, que nunca escondeu as suas críticas à liderança de Rui Rio e esteve sempre ao lado do presidente eleito do partido. Na corrida entre Rui Rio e Paulo Rangel a sua opção foi pelo eurodeputado social-democrata e, em entrevista ao DN, admitiu que as suas opções a conduziram à saída do Parlamento.
Pedro Reis, ex-presidente Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), é outro dos apoiantes com quem Montenegro contará para os seus órgãos nacionais.
Luís Montenegro conta ainda, entre outros, com Rui Rocha, antigo líder da distrital de Leiria do PSD, e com Gonçalo Saraiva Matias, consultor jurídico da Casa Civil do Presidente da República.
O presidente social-democrata eleito no sábado, assumiu no discurso da vitória que conta com os que estiveram ao lado de Jorge Moreira da Silva e até com a colaboração do próprio opositor. Posição que Moreira da Silva declinou, argumentando com as diferenças de pensamento e de projetos políticos para o partido e o país. Até ao início de julho, altura da reunião magna em que serão eleitos os órgãos nacionais, Montenegro tem bastante tempo para pensar a equipa que quer constituir no partido.
Na próxima semana reúne já com o líder parlamentar, Paulo Mota Pinto, sem ter aberto o jogo sobre se pretende contar com a sua continuidade à frente da bancada social-democrata.
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