A desordem nos aeroportos tem pautado a agenda pública desde o último fim de semana, quando centenas de voos foram cancelados. E, com o caos - intensificado agora, mas já sentido anteriormente - vêm as queixas associadas às companhias aéreas, que dispararam 20% no primeiro semestre deste ano face ao período homólogo do ano passado, com o número de reclamações no Portal da Queixa a subir de 754 para 905..Segundo dados avançados pela rede social dos consumidores ao Dinheiro Vivo, entre janeiro e junho de 2022, a TAP foi a companhia que liderou as reclamações no portal, representando 44% das queixas. Só no mês passado, a transportadora portuguesa recebeu 62 queixas, o que, comparando com igual mês do ano que antecedeu a pandemia, quando se registaram 38 reclamações, traduz uma subida de 63%. Seguem-se a Ryanair, com 19% das reclamações, a easyJet (10%), a Vueling (5%) e a Air Europa (4%)..Quanto às principais causas que levaram os clientes a reclamar, o cancelamento de voos e as questões relacionadas com reembolsos estão no cimo dos problemas a resolver. Entre as motivações das queixas encontram-se também o atendimento e apoio ao cliente (16%), problemas com bagagem (11%), problemas no embarque (11%) e outros problemas (6%)..Tendo em conta os valores totais do primeiro semestre do ano em curso, as reclamações registadas subiram 53% face aos meses homólogos de 2019, quando se verificaram 592 queixas. Em contrapartida, estas caíram 4,43% face ao igual período de 2020 (altura crítica da pandemia), quando se contabilizaram 947 contestações..Depois de um fim de semana marcado por mais uma centena de cancelamentos de voos - 65 no sábado e 39 no domingo -, segundo os dados comunicados pela ANA-Aeroportos à Agência Lusa, o problema manteve-se no dia de ontem, quando se previam mais 28 cancelamentos (um número inferior ao de segunda-feira, com 32 registos)..Questionada pelo DV se já recebeu pedidos de indemnização, uma vez que é a companhia líder nos cancelamentos, a TAP apenas adiantou que "existe um prazo dilatado para que os passageiros possam apresentar esses pedidos" e que "cumpre escrupulosamente a legislação e regulamentos" aplicáveis. No entanto, a transportadora escusou-se a prestar informação sobre o impacto que o limite de operacionalidade do aeroporto de Lisboa está a ter para a empresa. As restantes companhias que registam reclamações no Portal da Queixa não responderam..O cenário não parece ser o mesmo para a Emirates. Fonte oficial da companhia avançou que "apesar dos constrangimentos que se vivem no aeroporto de Lisboa e em outros aeroportos na Europa e em todo o mundo", "continua a operar de forma regular, sem voos cancelados" e que, de momento, "todos os voos diários estão a sair dentro dos horários previstos". A transportadora diz-se ainda "disponível para dialogar com os parceiros e autoridades competentes para coordenar a sua operação de forma a minimizar o impacto que esta situação possa ter para os seus passageiros"..Na sequência do reporte de dezenas de queixas por incumprimento dos direitos dos passageiros causados pelos cancelamentos, por parte da Deco, o Ministério das Infraestruturas garantiu ontem estar "atento e preocupado com a turbulência que tem afetado os aeroportos europeus, com efeitos também nos aeroportos portugueses", assegurando estar a trabalhar em conjunto com a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) e a ANA para assegurar assistência aos passageiros..Mariana Coelho Dias é jornalista do Dinheiro Vivo