Queer Lisboa apresenta 93 filmes este ano
"Mesmo numa altura em que o cinema está a passar por problemas, e não só em Portugal, o cinema queer está a ganhar um terreno forte a nível mundial", afirmou ontem João Ferreira, diretor artístico do Queer Lisboa, na conferência de imprensa de apresentação da 17.ª edição do festival, que se realiza de 20 a 28 de setembro no Cinema São Jorge. Durante estes dias serão exibidos 93 filmes.
Apesar deste ano não existir uma temática unificadora de todos os filmes em programação, ainda assim existem vários denominadores comuns que João Ferreira fez questão de assinalar. Entre eles os problemas derivados da atual crise económica. "O cinema é o reflexo da realidade de cada realizador e isso transparece na programação", afirmou. Daí que vários filmes sejam um reflexo da "preocupação" com o "perigo da perda de direitos conquistados por minorias sexuais, étnicas e raciais".
A sessão de abertura deste 17.º Queer Lisboa será com o documentário Continental, de Malcolm Ingram, que, para João Ferreira, "é sintomático do espírito queer pelo seu sentido de abrangência". O diretor artístico salientou ainda que esta é a primeira vez que o festival escolhe um documentário para a sessão de abertura desde a sua primeira edição.
Entre os filmes que integram a competição para Melhor Longa-Metragem foram destacados títulos como In the Name Of..., de Malgoska Szumowska e que este ano venceu o Teddy Award na Berlinale, e The Comedian, de Tom Shkolnik.
Já na competição para Melhor Documentário deu-se um especial destaque a Interior. Leather Bar, realizado por James Franco e Travis Mathews, e que depois de passar pelo festival será exibido em circuito comercial pelas salas.
Esta edição tem ainda uma forte presença de filmes portugueses, sendo que Portugal é mesmo o segundo país mais representado na programação, num total de 26 países. Joaquim Pinto (que recentemente foi triplamente premiado em Locarno com E Agora? Lembra-me), Rui Mourão, Tiago Leão ou João Pedro Rodrigues são alguns dos cineastas que terão filmes no festival.
O Queer Lisboa deste ano contou com um orçamento de 100 mil euros. Ana David, membro da direção do festival, salientou que este foi "um ano difícil e intenso na procura de patrocinadores privados".
Os bilhetes para as sessões do festival serão colocados à venda amanhã. Haverá uma série de iniciativas paralelas a decorrer durante o certame, com festas na Galeria Zé dos Bois, Ministerium Club, Teatro do Bairro, Galeria Bar Chic, Ponto G e Construction. Vão ainda realizar-se performances, instalações artísticas e um debate sobre o espaço urbano no cinema queer.