Queda do petróleo obriga países da OPEP a emitir dívida
A queda de quase 50% no preço do petróleo no arranque deste ano, para mínimos de mais de uma década, provocou uma crise sem precedentes nos países do Médio Oriente. Dependentes das receitas do petróleo e do gás para alimentarem orçamentos, os membros da OPEP foram forçados a procurar novas fontes de financiamento, entrando numa corrida aos mercados de dívida. E começam também a apostar na diversificação da economia.
O exemplo mais dramático é a revolução orçamental anunciada recentemente pela Arábia Saudita. A criação de um imposto sobre o consumo, a tributação das bebidas energéticas e dos bens de luxo, uma reforma dos subsídios estatais, mas sobretudo a privatização da petrolífera estatal Saudi Aramco e a criação do maior fundo soberano do mundo, são algumas das medidas que Riade quer implementar, com o objetivo de fazer crescer as receitas não provenientes do petróleo. No ano passado, a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, registou um défice orçamental de quase cem mil milhões de dólares.
"Não permitiremos que o nosso país fique mais uma vez à mercê da volatilidade dos preços das matérias-primas", garantiu o príncipe Mohammed bin Salman.
[artigo:5259922]
A redução da dependência das receitas petrolíferas tem sido igualmente substituída por emissões de dívida. Em abril, Abu Dhabi recorreu ao mercado para obter cinco mil milhões de dólares. No mesmo mês, a Arábia Saudita fechou um empréstimo junto de bancos internacionais no valor de dez mil milhões de dólares, naquela que foi primeira operação de financiamento internacional de Riade em 25 anos. Já neste mês foi a vez de o Qatar fazer uma emissão de dívida no montante de nove mil milhões.
O Koweit está igualmente a virar-se para o mercado de dívida, tendo em conta que o petróleo pesa quase metade do PIB. O país contratou a consultora Oliver Wyman para montar uma estrutura que lhe permita avançar, até ao fim do ano, com as primeiras emissões de dívida. Até ao momento, não há informação sobre o montante que o Koweit pretende levantar nos mercados.